Presidente da Espanha rechaça pactar referendo sobre independência da Catalunha
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, do Partido popular (PP), afirmou hoje (30) não haver qualquer possibilidade de realizar um referendo pactado sobre a independência da Catalunha. A declaração foi feita durante a tradicional coletiva de imprensa de balanço de final de ano, em Madri. “Não vou autorizar nenhum referendo que suponha liquidar a soberanía nacional”, enfatizou.
Rajoy aproveitou para enviar um recado ao presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, da coalizão Juntos pelo Sim: “Não dê mais passos contrários ao senso comum”, numa referência ao proceso de desconexão que está sendo tocado pelos partidos independentistas no parlamento autonômico.
“Essa atitude não levará a parte alguma”, frisou, ao dizer que oferece o mais razoável, que é “dialogar”. Ele recordou que há um grande número de temas que afetam aos espanhóis “vivam onde vivam”, como as aposentadorias, a educação, a violência de gênero, entre outros. Neste sentido, afirmou que não poupará esforços para entrar em acordos com o governo catalão.
Rajoy enfatizou que está com a mão estendida, mas não está disposto a negociar o incumprimento das leis ou temas dos quais não se pode tratar como a “unidade da Espanha, a soberania nacional ou a igualdade dos espanhóis”. E deixou claro que não acredita que uma eventual reforma da constituição espanhola resolva o problema catalão.
O chefe do executivo espanhol também instou os partidos independentistas a abandonarem as aspirações de desconexão unilateral e desobediência ao Tribunal Constitucional.
Além da questão catalã, Rajoy se mostrou “otimista mas com realismo” com relação ao futuro. Durante varios momentos da entrevista reiterou sua disposição para que esta legislatura dure quatro anos (no parlamentarismo o governo pode ser abreviado com a dissolução do Congresso). E elogiou a postura do Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE) pela responsabilidade mostrada nos dois primeiros meses de governo ao pactar o teto de gastos e outras medidas, convidando o principal partido opositor a levar adiante com o PP uma “colaboração histórica em áreas de interesse geral”.
Mesmo com a posição do PSOE de se negar a aprovar o orçamento de 2017, Rajoy acredita que uma vez iniciada a negociação, a partir de janeiro, “não há porque haver maiores discrepâncias nem com o PSOE nem com outros partidos”. “Sei que terei que ceder em algunas coisas, mas os outros também”, destacou, ao recordar que conta com o apoio do partido Cidadãos, que é seu “sócio preferente” no Congresso.