Ex-presidente catalão julgado por permitir votação sobre independência
O olhar internacional se volta nesta segunda-feira (06) para Barcelona, onde pela primeira vez um ex-presidente da Catalunha será levado a julgamento pelo Tribunal Superio de Justiça. Artur Mas é acusado de ter permitido que a população se manifestasse através do voto, em 9 de novembro de 2014, sobre a independência. Também são rés as ex-secretárias Joana Ortega e Irene Rigau. O Ministério Público pede inabilitação política de dez anos e 36 mil euros de multa sob a acusação de desobediência e prevaricação.
Espera-se que em torno de 50 mil pessoas acompanhem o ex-presidente e as ex-secretárias do Palácio da Generalitat, no centro de Barcelona, até a sede do tribunal. O acontecimento será acompanhado por mais de 300 jornalistas, um terço deles correspondentes internacionais. O blog Mundo Afora também acompanha o evento, fazendo transmissão através do Twitter através da conta @TaizaBritoPE.
O julgamento coloca mais lenha na fogueira na relação engtre Espanha e Catalunha. Os soberanistas alegam que o governo central promove um ataque à democracia ao julgar Mas simplesmente por colocar urnas para uma votação. Madri responde que a constituição espanhola não permite a dissolução do território e por isso não se pode chamar a população a manifestar-se sobre o tema.
A votação de 9 de novembro de 2014 foi considerada um êxito pelos independentistas. Mais de 2,3 milhões compareceram às urnas e cerca de 70% se pronunciaram favoráveis à separação da Espanha. Contudo, não teve efeito vinculante.
Vários políticos e representantes de entidades soberanistas devem acompanhar Mas. Entre eles o atual presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, e a presidente do Parlamento Regional, Carme Forcadel, também alvo de processo judicial por parte do governo espanhol.
As milhares de pessoas que pretendem estar ao lado do ex-presidente na caminhada atenderam ao chamado da Assembleia Nacional Catalã (ANC), Óminium Cultural e Associação dos Municípios pela Independência (AMI). Os populares confirmaram a presença se inscrevendo através da internet.
O julgamento acontece num momento em que os analistas políticos avaliam estar em curso um choque de trens entre Espanha e Catalunha. O governo central, que se opõe ao projeto independentista, aumentou o tom na última semana. E fez saber que pretende intervir na Catalunha caso prosperem os planos do atual presidente Carles Puigdemont de realizar um referendo sobre a independência.
A ameaça do primeiro ministro Mariano Rajoy veio depois de uma série de passos estratégicos de Puigdemont, que trabalha para obter um posicionamento da comunidade europeia sobre o assunto. O presidente catalão se mostra firme no propósito de realizar o referendo e, com aval popular, proclamar a república e iniciar a confecção de uma nova constituição.
O ano de 2017 está sendo considerado chave para resolução do impasse. Resta saber se algum dos condutores dois trens está disposto a parar.