Catalunha versus Espanha: Disputa entre polícias teria colocado operação antiterror em risco
Está dando muito o que falar na Espanha a denúncia de que integrantes da Polícia Nacional avisaram a um grupo de jihadista de que estariam sendo investigados pelos Mossos d’Esquadra, a polícia da Catalunha. O que teria colocado em risco a operação que desbaratou uma célula terrorista em abril passado. A informação veio à tona esta semana depois do arquivamento da ação pelo juiz Santiago Pedraz, da Audiência Nacional, onde são julgados os crimes ligados ao terror.
Segundo o conselheiro de interior da Catalunha, Ramon Espadaler, um policial catalão infiltrado na célula terrorista deu o alerta de que a operação estava em perigo. Isso porque os acusados já sabiam que estavam sendo monitorados, após receberem a informação de membros da Polícia Nacional, em Sabadell, nos arredores de Barcelona.
O episódio teria ocorrido no final do ano passado, quando sabendo que estavam sendo investigados, três integrantes do grupo, entre ele o brasileiro Kaike Guimarães, teria fugido. Os acusados acabaram sendo presos na fronteira entre a Bulgária e a Turquia, de onde planejavam seguir para a Síria. A prisão foi realizada pela polícia búlgara, após ser acionada pelos Mossos d’Esquadra.
Depois da divulgação da notícia, na última quinta-feira (15), o ministro do Interior, Fernández Diàz, responsável Polícia Nacional, desferiu ataques contra os Mossos D’Esquadra. Dizendo que a luta antiterrorista é uma questão de Estado e não compete à polícia catalã. “Essa denúncia terá conseuência no futuro”, ameaçou. Do outro lado, Espadaler respondeu que o ministro dava a impressão de não querer que o corpo policial da Catalunha tivesse êxitos na operação.
Em entrevista a Catalunya Rádio, na sexta-feira (15), Espadaler tentou acalmar os ânimos dizendo que isso não é briga entre os corpos policiais, senão um possível caso de má conduta de alguns agentes policiais. Contudo, sublinhou que o policial catalão infiltrado correu risco devido a suposta delação.
Espadeler acrescentou que “se não houvesse evidências” da suposta delação policial aos jihadistas, a policía catalã “não teria dado um passo assim”, denunciando os fatos diante do juiz. Ele lamentou que o assunto tenha que ser discutido publicamente, no entanto o juiz queria esclarecer o que aconteceu. Ainda frisou que não se trata de uma denúncia do corpo dos Mossos contra o corrpo nacional da polícia. E informou que a investigação sobre a delação corria separadamente desde novembro passado e foi arquivada em fevereiro. Contudo, na operação realizada em abril, quando 11 pessoas que pretendia atentar em Barcelona foram presas, teriam surgidos mais indícios da delação, que foram postas para apreciação da autoridade judicial.
A semana foi especialmente tensa entre Espanha e Catalunha, cujas relações não são boas em função do processo de independência ativado na comunidade autônoma. O governo do primeiro ministro Mariano Rajoy não admite a possibilidade de separação e vem tomando uma série de medidas para retaliar os catalães.