Mentor dos atentados em Barcelona e Cambrils era informante do serviço secreto espanhol
Notícia gerou críticas ao governo da Espanha, que escondeu informação dos Mossos d’Esquadra, a polícia da Catalunha, impedindo monitoramento do homem que planejou atentado que matou 16 pessoas e feriu mais de 150 em 17 de agosto passado
Matéria publicada pelo jornal espanhol El País repercutida por meios de comunicação de toda Europa nesta sexta-feira, 17, quando se completa três meses dos atentados de Barcelona e Cambrils, relaciona o imã Abdelbaki Es Satty, mentor da célula jihadista responsável pelo ataque, com o Centro Nacional de Inteligência (CNI) do governo da Espanha. Fontes do serviço secreto confirmaram que o jihadista foi informante do CNI, sem esclarecer desde quando e até quando religioso colaborou com eles, nem se essa colaboração foi remunerada.
Oficialmente, sabe-se que Es Satty foi investigado na Operação Chacal e informante do CNI pelo menos durante sua passagem pela prisão de Castellón, onde esteve entre 2010 e 2014 por um delito de tráfico de drogas. As mesmas fontes esclarecem que os contatos estabelecidos com o imã “se enquadram nos protocolos habituais do organismo”, já que “o normal para obter informação para a luta antiterrorista é contatar quem possa tê-la, e nas prisões há muita gente que coopera”.
A notícia gerou muita repercussão pelo fato da informação nunca ter chegado aos Mossos d’Esquadra, a polícia da Catalunha. O corpo de segurança atua sob as ordens do governo da Generalitat, que à época dos atentados tinha à frente o presidente Carles Puigdemont. Durante o operativo policial pós atentado chamou atenção, especialmente da imprensa internacional, a pouca implicação do governo de Madri no caso.
O líder catalão, exilado em Bruxelas sob ameaça de prisão por conta da proclamação da república, usou sua conta no Twitter para criticar a postura do governo espanhol. “Vale destacar que hoje saiu à luz esta informação que confirma as nossas suspeitas. É um fato extremamente grave e certamente não haverá nenhuma demissão, nem investigação, nem prisão”, alfinetou.
Com a declaração, Puigdemont fez referência aos integrantes do governo catalão presos em Madri sob acusação de sedição, entre eles Joaquin Forn, da Secretaria de Interior, pasta responsável pela segurança pública na Catalunha. Forn foi o coordenador do exitoso operativo pós atentado de caça e prisão dos terroristas, junto com o Major Josep Lluís Trapero, que tiveram o trabalho internacionalmente elogiado.
Trapero perdeu a chefia dos Mossos d’Esquadra e agora realiza tarefas administrativas numa delegacia de Barcelona por ser acusado de não impedir o referendo independentista de 1º de outubro. “O governo da Espanha não perdoou o sucesso da polícia catalã”, apontou Puigdmont, que relembrou os atentados que vitimaram 16 pessoas e deixaram mais de 150 feridos. Es Satti morreu um dia antes dos atropelamentos nas Ramblas de Barcelona e em Cambrils de 17 agosto, numa explosão de uma casa em Alcanar onde preparava explosivos para um ataque ainda maior. Ele foi o responsável pela radicalização dos jovens que integravam a célula jihadista, a maioria jovens marroquinos que viviam na cidade de Ripoll.