Parlamento catalão enfrenta justiça e realiza pleno de investidura de Jordi Turull

Votação que acontece esta tarde pode desancalhar investidura com escolha de Jordi Turull para presidência da Catalunha. Ex-secretário da Presidência e porta-voz do governo Carles Puigdemont pode ser preso amanhã

Jordi Turull (à esquerda) é o terceiro candidato a ocupar a presidência da Catalunha, depois das trentativas frustradas de indicar Puigdemont (à direita) e Jordi Sànchez

A Catalunha pode finalmente ver investido hoje um novo presidente após três meses de impasse. O indicado é Jordi Turull, que foi secretário da Presidência e porta-voz no governo de Carles Puigdemont. A sessão de investidura está marcada para hoje às 17h e foi convocada às pressas ontem à noite pelo presidente do Parlamento, Roger Torrent. A decisão foi tomada após o Supremo Tribunal de Espanha ter convocado Turull a uma audiência nesta sexta-feira (23), na qual pode decretar sua prisão.

Elegendo Turull, as atenções se voltam para o juiz Pablo Llarena. Com suas decisões no processo contra os líderes independentistas que proclamaram a república em outubro passado, o magistrado tenta sufocar o movimento. Llarena é acusado de agir sob o comando do governo espanhol, que derrotado nas urnas nas eleições na Catalunha, trabalha para para impedir qualquer possibilidade dos independistas formarem governo, apesar de serem maioria no parlamento.

Até agora, os soberanistas estavam encurralados pelas decisões de Llarena. O juiz impediu a investidura de Puigdemont, deputado eleito como cabeça de chapa do grupo Juntos por Catalunha nas eleições regionais impostas por Madri. O líder catalão, exilado na Bélgica desde a intervenção, pretendia ser investido em uma sessão por videoconferência, e gobernar desde o exílio.

O segundo candidato proposto para a presidência, Jordi Sànchez, também não conseguiu aval da justiça. Preso em Madri sob acusaão de sedição e rebelião, teve negada a petição de sair da prisão para comparecer à sessão de investidura.

Com tais decisões, o debate sobre a investidura se alargou, pois adiadas as sessões pelo Parlamento Catalão, o relógio do prazo para o processo ficou estagnado. Além disso, os grupos soberanistas, que além de Juntos por Catalunha, conta com Esquerda Repúblicana e a CUP, não conseguiam entrar em acordo.

O anúncio de Llarena, que além de Turull, convocou otros ex-secretários do governo Puigdemont e deputados eleitos para depor amanhã, desfez o cenário de impasse entre os independentistas. Que decidiram fazer frente ao judiciário espanhol e comprovar se Llarena decretará a prisão de um presidente recém-eleito.

Com isso, os olhos da impressa internacional se voltaram mais uma vez para a Catalunha, com a mesma interrogação, como é o caso do The New York Times, que se pergunta se a Espanha fará novos presos políticos. Estão encarcerados Orieol Junqueras (ex-vicepresidente e deputado eleito), Joaquim Form (ex-secretário de Interior), Jordi Cuixart (presidente de Òmnium) e Jordi Sànchez (ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã).

O governo de Rajoy se mostrou contrário à investidura de Rajoy, alegando que é preciso indicar um “candidato limpo com a justiça”. O representante do Partido Popular (PP) no parlamento catalão, Xavier Garcia Albiol, criticou a decisão de uma investidura expressa e promete trabalhar para que a sessão não se realize. A líder da oposição, Inés Arrimadas, também se pronunciou contra. Através do Twitter disse: “É uma vergonha continuarem a degradar o parlamento” A líder do Ciudadanos disse que Turull não passa de “um acusado de desvio de fundos públicos e em grave situação judicial”.

Na sua conta do Twitter, Puigdemont declarou o apoio a Turull, dizendo se tratar do homem certo para “reverter o 155”, o artigo da constituição espanhola que permitiu a suspensão da autonomia à Catalunha. “Jordi Turull será un grande presidente para reverter os efeitos do 155, para fazer respeitar o resultado do 21 de dezembro e garantir a legitimidade das instituições nacionais catalãs. “É um homem honesto e trabalhador. Nenhuma manobra do estado poderá destruir a sua dignidade”, completou.

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