Parlamento da Catalunha volta a funcionar com independentistas no comando
O jovem deputado Roger Torrent, da Esquerda Repúblicana da Catalunha, foi eleito para comandar legislatura que começa sem a presença de oito dos 70 eleitos pelos partidos independentistas. Próximo passo é eleger novo presidente do governo, cargo almejado por Carles Puigdmont
O Parlamento da Catalunha voltou a funcionar hoje depois mais de dois meses de sua dissolução pelo governo espanhol, em outubro passado após a intervenção em represalia pela declaração de independência. A 12ª legislatura começou de forma anormal, com três deputados eleitos presos – Oriol Junqueiras, Jordi Sànchez e Joaquin Forn – e cinco exilados na Bélgica – o presidente cessado Carles Puigdemont e os ex-secretarios Toni Comín, Lluís Puig, Meritxell Serret e Clara Ponsatí.
Mesmo sem a presença dos oito dos 70 parlamentares eleitos, os partidos independentistas tiveram votos suficientes para eleger a maioria dos integrantes da mesa (quatro dos sete membros). A presidência do Parlamento ficou com o jovem deputado Roger Torrent, 38, do partido Esquerda Republicana de Catalunha (ERC), eleito com 65 votos. Isso porque foi permitido o voto delegado aos parlamentares que estão presos em Madri.
Na sessão, chamou atenção os lugares vazios dos independentitas ausentes, que foram marcados com grandes laços amarelos em reivindicação a libertação dos políticos presos e o fim da perseguição judicial contra seus líderes. “Deveria dizer ‘bom dia’ ao presidente da Generalitat (o Executivo catalão) e aos membros do governo, mas já viram que não estão aquí”, afirmou o Ernest Maragall, que discursou na sessão inaugural por ser o deputado mais velho. “É a primeira vez que uma sessão de constituição de uma legislatura é realizada com o banco do governo vazio”, acrescentou.
No seu discurso, Roger Torrent destacou a ausência de Oriol Junqueras (ERC) e de Joaquim Forn (Juntos por Catalunha) encarcerados há 76 dias na prisão de Estremera, enquanto que Jordi Sànchez (JxCat) está há 93 dias em Soto del Real junto com presidente de Òmnium, Jordi Cuixart. “E uma prisão preventiva, que na opinião de um grande número de juristas e especialistas em direito é absolutamente injustificada, e que impede que possam exercer livremente seus direitos”.
Torrent também fez referência aos exilados. “Estão advertidos em receber o mesmo tratamento se voltam. Não seria honesto de minha parte, sobretudo não seria responsável se não denunciasse contundentemente esta situação”, sentenciou.
O próximo passo do parlamento é eleger o presidente, cargo que os independentistas desejam restituir a Puigdemont, mesmo a contragosto do governo madrilenho. A sessão de investidura, marcada dentro de dez dias, é esperada com ansiedade, uma vez que há grande expectativa sobre a participação por videoconferência do presidente cessado.