Repúdio ao rei da Espanha nas ruas Barcelona
Felipe VI foi recebido com vaias e paneladas por manifestantes indignados com o apoio dado pelo monarca à intervenção na Catalunha e à criminalização de líderes e ativistas independentistas
O rei da Espanha, Felipe VI, enfrentou uma onda de protestos em sua passagem por Barcelona neste domingo, 25. O monarca, que esteve na capital catalã para inaugurar o Mobile World Congress (MWC), foi recebido com vaias e paneladas por manifestantes convocados pelos Comitês da República Catalã (CDR). A polícia montou um forte esquema de segurança e atacou os manifestantes, ferindo 19 pessoas segundo os serviços médicos.
Os integrantes do protesto ocuparam a Via Laetana, no centro de Barcelona, e ruas próximas ao Palácio da Música, onde o rei participou do jantar de abertura do MWC. Aos gritos de “Fora Bourbon”, “Liberdade presos políticos” e “República catalã”, os manifestantes pediram a libertação de Oriol Junqueras (vice-presidente cessado e deputado eleito), Jordi Sânches (ex-presidente da Assembleia Nacional catalã e deputado eleito), Jordi cuixart (presidente da Òmniun Cultural) e de Joaquim forn (ex-secretário de Interior). Também clamaram pelo fim da perseguição judicial aos integrantes do governo destituído exilados na Bélgica, entre eles o presidente cessado Carles Puigdemont.
Apesar da ação policial, as palavras de ordem, as vaias e os cânticos contra o rei foram ouvidos dentro do Palácio da Música, onde o rei proferiu discurso. Felipe VI ignorou o protesto e não fez referência à situação política da Catalunha, que está sobre intervenção do governo espanhol desde a declaração de independência frustrado em outubro passado.
O monarca também teve recepção fria institucionalmente por parte da prefeita de Barcelona, Ada Colau, e do presidente do Parlamento, Roger Torrent. Os dois se recusaram a participar da cerimônia de beija mão realizada antes do jantar pelo fato de até hoje o monarca não ter se desculpado pela violência da polícia espanhola contra os eleitores em 1 de outubro durante o referendo sobre a independência.
Entre os cartazes empunhados pelos manifestantes um dizia: “Volte para casa, você não é bem-vindo”. Outro pedia: “Liberdade presos politicos”. Muitas pessoas levaram panelas e a maioria usaram adereços ou laços amarelos em sinal de repúdio contra as prisões.
A manifestação mostrou que a situação da Catalunha mantém-se tensa, mesmo com as medidas repressivas do governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy para conter os independentistas. Parte da população não se conforma com a perseguição ao presidente cessado Carles Puigdemont, exilado em Bruxelas com quatro ex-secretários de seu governo.
Puigdemont se referiu à presença de Felipe VI em Barcelona em sua conta no Twitter, na qual escreveu: “O rei Felipe VI será bem-vindo à República da Catalunha como máxima autoridade da Espanha quando peça perdão pelo seu papel inconstitucional no passado mês de outubro”.
A mensagem se refere ao discurso do monarca feito em 3 de outubro em apoio à ação repressiva do governo espanhol contra os que foram votar no referendo. Chamou atenção na ocasião o fato de Felipe VI não pedir desculpas aos mais de mil feridos pela polícia durante o 1º de outubro.