Ex-auxiliar de Puigdemont é liberada na Escócia onde repressão contra catalães é criticada
Enquanto a justiça alemã não se pronuncia sobre o pedido de extradição do presidente cessado da Catalunha, Carles Puigdemont, que continua preso, a Escócia deixou em liberdade a ex-auxiliar do líder catalão, Clara Ponsatí. Depois de apresentar-se se hoje voluntariamente, ela teve o passaporte retido e ficará à espera da decisão sobre a euroordem emitida pela Espanha, que também lhe acusa de rebelião pela proclamação da república em outubro passado. Uma nova audiência foi marcada para 18 de abril.
A liberação de Ponsatí foi comemorada pela comunidade estudantil, que ontem realizou manifesto em favor da educadora. O jornal The National também se mostrou satisfeito. Na capa desta quinta-feira, 29, envia um recado à Espanha em letras garrafais: “Vocês não podem ter nossa Clara”, posicionando-se contrãrio à repressão espanhola contra os políticos catalães.
Ponsatí, que é professora da Universidade de Glasgow, está sendo defendida pelo reitor da instituição, o prestigiado advogado Aamer Anwar. E recebeu o apoio da primeira ministra, Nicola Sturgeon, que condenou em comunicado a prisão dos líderes catalães. Além de Puigdemont, preso na Alemanha, nove soberanistas, entre deputados, aliados políticos e ativistas estão presos em Madri.
Ponsatí, que ocupou a secretária de Educação do governo Puigdemont, conseguiu também apoio financeiro através de uma campanha de financiamento pela internet. Em poucas horas conseguiu arrecadar 185 mil libras, bem superior ao valor requerido inicialmente.
O caso de Ponsatí deixa claro como os argumentos exposto pela justiça espanhola, que acusa os líderes catalães de promover violência, não encontram respaldo em outros países da Europa.
Na Suíça, onde estão exiladas Ana Gabriel (CUP) e Marta Rovira (Esquerda Republicana), a justiça se negou a avaliar a euroordem de deteção sob o argumento de que não extradita por questões políticas. Na Bélgica, onde estão três ex-auxiliares de Puigdemont, a justiça não aventou possibilidade de prisão e ainda nem marcou a primeira audiência.
Os olhos se voltam agora para Alemanha onde um grande debate jurídico e político foi aberto com a prisão de Puigdemont. As críticas à Espanha pelo modo como vem tratando o caso catalão vêm crescendo, assim como em outros países, gerando manifestos por parte de políticos, jornalistas e escritores. O país, que a bem pouco tempo se mantinha à margem do tema sob a alegação de tratar-se de um assunto interno do governo espanhol, agora está com a bola no telhado.