Prisão de Puigdemont desvela para o mundo face repressora da Espanha
Após prisão de líder catalão, vozes destacadas da política europeia e do jornalismo alemão criticam repressão da Espanha a independentistas catalães e pedem saída política para o conflito
A prisão do presidente cessado da Catalunha, Carles Puigdemont, na Alemanha, está levantando muitas vozes destacadas na Europa contra a repressão espanhola aos políticos independentistas. As críticas de políticos e jornalistas são pela forma como está atuando o governo do primeiro ministro Mariano Rajoy ao tentar resolver um problema político através de meios policiais e judiciais.
A imprensa alemã não esconde o incômodo pelo fato do país manter em seu território um preso político, publicando nos últimos dois dias diversas matérias sobre o caso Puigdemont. Uma das críticas mais contundentes partiu do coproprietário do prestigiado jornal Der Spiegel, Jakob Augstein, que em artigo publicado na sua coluna online, pede que a Alemanha negue a petição de extradição do líder catalão e lhe conceda asilo político. Augstein argumenta que um político que utiliza meios pacíficos para defender seus objetivos não merece estar na prisão.
Augstein diz que com a detenção de Puigdemont a Alemanha interferiu na luta independentista dos catalães. O jornalista adverte que o delito de rebelião utilizado no processo contra o líder catalão se configura pelo uso da força e que na Catalunha não houve violência, a não ser por parte da polícia espanhola que espancou eleitores no referendo de 1º de outubro.
O jornalista finaliza o artigo relembrando a história do presidente Lluís Companys, responsável pela proclamação da República da Catalunha em 1934. Detido pela Gestapo, Companys foi entregue a regime de Franco. “Que o executou em 15 de octubre de 1940”, conclui.
No meio político, deputados da Dinamarca, França, Portugal, Finlândia, Eslovênia, do Parlamento Europeu iniciaram ações de solidariedade a Puigdemont, aos políticos presos em Madri e aos exilados na Bélgica, Escócia e Suiça. As ações vão de perguntas parlamentárias a concentrações diante de consulados europeus (Confira link para matéria do jornal digital Vilaweb onde há um resumo das ações políticas mais destacadas dos últimos dias).
Na Finlândia, onde Puigdemont cumpriu compromisos públicos antes de ser detido na Alemanha, 15 deputados de seis partidos diferentes emitiram nota pedindo que Puigdemont não seja extraditado, segundo publicizou o deputado Mikko Kärnä. A presidenta da Escócia, Nicola Sturgeon, também emitiu comunicado dando apoio ao direito de autodeterminação se mostrou contrária às prisões dos ex-auxiliares de Puigdemont, como Clara Ponsatí, está exilada no país.
Milan Kučan, que foi o primero presidente da Eslovênia (1991-2002), também carregou contra o governo espanhol no artigo intitulado “O silêncio da União Europeia sobre Catalunha”, publicado em vários meios de comunicação europeus. Para o político, “as eroordens ativadas, as detenções, as ameaças de penas de prisão e a prolongação da prisão preventiva de deputados eleitos da Catalunha indicam que a Espanha abandonou a possibilidade de abordar a crise catalã, que é eminetemente política, pelos meios políticos”.
Kučan alerta que a detenção de Carles Puigdemont é preocupante, principalmente pela atitude da União Europeia. “O silêncio mantido pela UE é confuso. O medo diante de possíveis ambições políticas similares em diferentes partes da Europa não pode ser um motivo para esta atitude cega e menos ainda para aceitar práticas antidemocráticas de um governo”, dispara, ao instar à UE que chame o governo espanhol a resolver o problema catalão através do diálogo de de meios democráticos.
MANIFESTAÇÕES – Na Catalunha e em diversas cidades da Espanha, manifestantes também se mostram contrárias às prisões e ao exílio dos políticos catalães. Na manhã de hoje, várias rodovias tiveram o tráfego bloqueado por piquetes organizados pelos Comitês de Defesa da República (CDRs). Em Barcelona, avenidas importantes, como a Diagonal, amanheceram cortadas em protesto. Nos últimos dias também foram registrdas manifestações de repulsa às priõsões em outras cidades espanholas, como Bilbao, Navarra, Valência. Até em Lisboa, está previsto protesto pela situação política catalã.