Catalunha se cobre de amarelo numa Diada de Sant Jordi com homenagens aos presos e exilados

Tradicional festa da rosa e do livro em celebração à São Jorge é tomada pelo amarelo da campanha em solidariedade aos presos políticos e exilados do movimento independentista

A Diada de Sant Jordi (Dia de São Jorge) na Catalunha, o evento mais importante do ano para o mercado editorial quando tradicionalmente se presenteia com livros e rosas, teve um caráter reivindicativo. O amarelo da campanha de solidariedade em prol dos presos políticos e exilados predominou nas ruas de Barcelona ressaltando a excepcionalidade vivida no território sob a intervenção do governo espanhol.

Nas barracas dos floristas, as tradicionais rosas vermelhas cederam espaço às amarelas. Estima-se que 700 mil unidades desta cor tenham sido vendidas durante o dia. O amarelo também predominou na decoração das barracas de livros e nos adereços utilizados pelas pessoas que saíram às ruas de Barcelona para desfrutar da festa. 

Entre os livros mais vendidos na área de não ficção se destacaram os lançamentos recentes sobre o referendo de 1 de outubro de 2017 e os episódios em torno da política catalã. Entre eles, os títulos assinados pelos jornalistas Vicent Partal (Nova Homenagem a Catalunha), Quico Sallés (Onde estavas no 1 de outubro?), Jordi Borràs (Dias que duraram anos), Laia Vicens e Xavi Tedó (Operação Urnas), este último no topo do ranking.

No Palácio da Generalitat, sede do governo catalão, onde as portas estiveram abertas à visitação, muita gente protestou silenciosamente deixando rosas amarelas aos pés da estátua de São Jorge que há no pátio central. Na Praça Catalunha, um dos lugares de maior movimentação, um mural montado pela Òmnium Cultural foi ornado com rosas amarelas colocadas voluntariamente em homenagem aos presos e exilados.

Mesmo no exílio, agora na Alemanha à espera da decisão da justiça sobre a ordem internacional de prisão, o presidente cessado Carles Puigdemont fez o tradicional discurso reservado ao chefe do governo catalão na jornada. “ Através de um vídeo publicado em sua conta no Twitter convidou os catalães a celebrarem o dia com normalidade, mas recordando “a excepcionalidade deste ano devido à repressão”. E arrematou: “O governo da república reivindica o espírito de São Jorge para fazer frente aos dragões da censura e do exílio.”

O líder catalão fez uma especial homenagem aos presos em nome dos Jordis (os ativistas Sànches e Cuixart e o deputado Turull), que têm o nome do padroeiro da Catalunha. Os três estão presos em Madri junto com outros ex-auxiliares de Puigdemont acusados de rebelião e sedição por conta da frustrada proclamação da república de outubro passado.

As grades que cercam a prisão feminina de Alcalá-Meco, em Madri, onde estão a ex-secretária Dolors Bassa e a ex-presidente do Parlamento da Catalunha, Carme Forcadell, amanheceram o dia cheias de rosas. A homenagem foi feita pelo Ateneu Popular Garriguenc e La Bodega de les Borges Blanques.

VENDAS – O dia ensolarado de primavera permitiu que uma multidão tomasse as principais ruas de Barcelona aumentando a expectativa dos livreiros com o resultado das vendas. Estima-se que 1,5 milhão de livros tenham sido comercializados, numa perspectiva de negócios em torno de 21,8 milhões de euros, equiparando-se ao movimento do ano passado. Contudo, o balanço oficial do deve ser divulgado nos próximos dias.

 

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