Catalunha clama pela liberdade dos Jordis após um ano da prisão dos ativistas
Manifestações em toda Catalunha foram realizadas nesta terça-feira, 16 de outubro, quando se completa um ano da prisão dos ativistas Jordi Cuixart, presidente da Òmnium Cultural, e Jordi Sànchez, ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e deputado do parlamento catalão. As mais expressivas aconteceram diante do centro penitenciário Lledoners, onde estão encarcerados os Jordis, e na Praça Catalunha, em Barcelona.
Nos atos convocados pela ANC e Òmnium sob o lema “Um ano de vergonha, um ano de dignidade. Não Pararemos”, além de reclamarem a liberação dos Jordis, os manifestantes dos demais líderes independentistas presos e a volta dos exilados. Em Barcelona, estavam na linha de frente os familiares dos Jordis, além do presidente da Catalunha, Quim Torra.
Cuixart e Sànchez estão em prisão preventiva há um ano sob acusação de rebelião por conta dos protestos realizados nos dias 20 e 21 de setembro de 2017. Na ocasião, milhares de pessoas tomaram as ruas de Barcelona para reclamar contra a prisão de membros do governo catalão na operação policial deflagrada pelo governo espanhol para impedir a realização do referendo de 1º de outubro.
No ato em Barcelona, o vice-presidente de Òmnium, Marcel Mauri, ressaltou a mobilização dos partidários do independentismo. “Um ano depois seguimos aqui, de pé, para deixar claro que somos muitos, milhares em defesa dos nossos direitos e liberdade. Não calaremos diante desta injustiça, desta farsa em que converteram o processamento dos presos”.
Mauri acusou o estado de não ter querido barrar a herança do franquismo. “Os presos não querem sair rápido da prisão. Querem sair com dignidade, pois não têm nada do que se defender senão acusar o estado de vulnerar seus direitos fundamentais”, disse. Enquanto falava, a multidão reunida no centro de Barcelona gritava: “Nem esquecimento, nem perdão!”
O ativista cobrou gestos do governo espanhol, que ao seu ver fala em diálogo, mas age de maneira contrária. “O governo espanhol persegue as decisões soberanas do nosso Parlamento para proteger uma monarquia que perdeu a pouca autoridade que lhe restava em 3 de outubro (2017)”, disse em referência ao discurso do rei Felipe VI chancelando as agressões praticadas pela polícia contra os eleitores que foram as urnas no referendo.
Aos políticos independentistas, Mauri frisou que o momento é grave e não permite disputas partidárias, como vem acontecendo ultimamente entre os membros dos partidos independentistas. Dessa forma, reforçou mensagem enviada da cadeia por Cuixart, que pediu “unidade”.
A presidenta da ANC, Elisenda Paluzie, leu fragmentos de uma carta de Jordi Sànchez, que se manifestou no mesmo sentido: “Peço a todos que não desanimem, que se mantenham unidos e mobilizados em torno do mandato expressado em 1 de outubro. Sejam exigentes com os vossos representantes para pedir unidade”.
Paluzie frisou que a ANC vai continuar lutando pela independência, objetivo fundacional da entidade da qual Sànchez fez parte. “Só a república catalã poderá garantir o respeito aos direitos civis, sociais e nacionais dos cidadãos”, arrematou.
No centro penitenciário localizado em Lledoners, os manifestantes se juntaram aos advogados Jaume-Alonso Cuevillas, Jordi pina e Marina Roig, que defendem Sànchez e Cuixart. No local, houve leitura das cartas dos presos, recitais de poesia e discursos de políticos e ativistas. O ato começou à tarde e seguiu até o anoitecer com a participação de centenas de pessoas.
Na última segunda-feira (15), a Anistia Internacional divulgou nota na qual considerou como “injustificável” a privação de liberdade dos Jordis, que também são acusados de junto com a ANC e Òmnium de contribuírem para a organização do referendo