“Refém do estado espanhol”, a reação à imagem da entrevista ao ativista catalão Jordi Sànchez na prisão
Jordi Sànchez, candidato à deputado no Congresso espanhol, teve autorizada entrevista na prisão. Cenário, com bandeira espanhola e foto do rei Felipe VI, causou indignação
Depois de um ano e meio de prisão, o ativista catalão Jordi Sanchez pôde falar à imprensa numa entrevista coletiva realizada no centro penitenciário de Soto del Real, onde está encarcerado em Madri, na manhã desta quinta-feira (18). O ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC), que está sendo submetido à julgamento pelo Tribunal Supremo acusado de rebelião e sedição por conta do processo independentista, recebeu a permissão da justiça eleitoral. Sànchez é o cabeça de lista da coligação Juntos pelo Sim (JxSim), comandada pelo ex-presidente Carles Puigdemont, a uma cadeira de deputado no Congresso espanhol.
Durante a entrevista, retransmitida pela agência de notícias EFE, respondeu a perguntas de jornalistas reunidos em Barcelona. Sànchez ficou sabendo da permissão, tomada na noite da quarta-feira (17), apenas na manhã de hoje. A imagem do cenário onde o ativista foi filmado gerou indignação e revolta, manifestados através das redes sociais por muitos independentistas. Isso porque havia na composição do cenário uma bandeira espanhola e o retrato do rei Felipe VI, o que foi interporetado como uma forma de humilhar o candidato de JxSim.
O cenário foi comparado ao montado na Turquia para a entrevista em junho de 2018 do líder curdo Selahattin Demirtas, também encarcerado de maneira preventiva por motivos políticos. Demirtas se candidatou às eleições presidenciais daquele país e quando le foi permitido fazer um discurso televisado na prisão, o cenário tinha uma bandeira turca.
Muitas dos críticos julgaram que Sànchez apareceu com um refém do estado espanhol. Através do Twitter, Puigdemont repudiou a forma como Sànchez foi filmado. “Ao centro, um preso político. Acima à direita, a imagem de quem vai instigar o “a por ellos” que justifica que Jordi Sànchez leve mais de um ano e meio em prisão preventiva. Sobram as palavras”. O ex-presidente disse estar seguindo a entrevista muito emocionado. “Pela sua seriedade que neste um ano e meio de prisão injusta não se há alterado”.
Al centre, un pres polític. A dalt a la dreta, la imatge del qui va instigar el “a por ellos” que justifica que en @jordialapreso porti més d’un any i mig en presó preventiva. Sobren les paraules. https://t.co/SZ6kMjSr6m
— Carles Puigdemont (@KRLS) 18 de abril de 2019
A número dois da lista de Sànchez, Laura Borràs, também se manifestou através da rede social. “Esta imagem ilustra melhor que nada que Jordi Sànchez à parte de ser um preso político é um refém do estado espanhol. Esta é a Espanhal real. Não nos rendemos”, escreveu.
A ANC também se manifestou no microblog, com o seguinte comentário: “Um estado vingativo, de um nacionalismo agressivo, que impõe os seus símbolos a quem está retido como refém. Buscam humilhar, mas nos fazem reafirmar a nossa determinação. Rumo à independência”.
A mensagem de Sànchez foi de conciliação, dirigida ao partido independentista Esquerda Republicana de Catalunha (ERC) e ao Partido Solialista Obreiro Espanhol (PSOE), do primero-ministro Pedro Sánchez, que segundo as pesquisas deve ser a sigla vencedora do pleito do próximo dia 28 de abril. “Deixemos de olhar para trás”, disse, propondo diálogo para resolver a questão catalã.