Europa endurece restrições ao enfrentar segunda onda da Covid-19
Contágios na Europa cresceram 87%, de 2,3 milhões em 15 de setembro a 4,3 milhões em meados de outubro. Países aplicam medidas na tentativa de evitar novos confinamentos
A semana começa na Europa com a expectativa de que o endurecimento das medidas para evitar a propagação dos casos de Covid-19 tomadas nos últimos dias surtam efeitos e seja possível não recorrer a novos confinamentos. O continente enfrenta a segunda onda da pandemia tentando preservar a economia que cambaleia após o fechamento de empresas e demissões em massa. Na semana passada, a União Europeia (EU) emitiu uma mensagem de urgência aos países sócios. “Estamos ficando sem tempo”, afirmou a comissária de Saúde Stella Kyriakides.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também emitiu alerta após confirmar na semana passada que o número atual de casos de Covid-19 é três vezes superior ao pico verificado em abril. Os contágios na Europa cresceram 87%, de 2,3 milhões em 15 de setembro a 4,3 milhões em meados de outubro. Boa parte dos países já estão na zona de risco segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças.
As receitas não são iguais em todos os países, contudo perseguem o mesmo objetivo: reduzir a mobilidade da cidadania, evitar a interação social fora dos grupos estáveis e reduzir os contatos de risco.
Confira abaixo os países em situações preocupantes e as medidas tomadas até agora:
Portugal
Portugal esteve durante muitas semanas numa situação controlada, com indicadores relativamente baixos. Na semana passada, a coisa mudou e o primeiro-ministro Antônio Costa anunciou que elevaria o nível de alerta a “estado de calamidade”. Assim, poderá adotar as medidas necessárias para frear a curva de contágios e proibir, por exemplo, as reuniões de mais de cinco pessoas na rua. Também serão limitados o número de pessoas em casamentos, enterros e batizados. As multas às empresas que não cumpram as normativas serão elevadas até 10 mil euros. O uso de máscaras ao ar livre passou a ser obrigatório e há recomendação para que a população baixe uma aplicação para rastrear casos. O próximo passo, caso as medidas não funcionem, será decretar o estado de exceção.
Espanha
Espanha foi o estado europeu com os piores dados de coronavírus durante as últimas semanas. As medidas de restrição estão sendo tomadas por cada comunidade autônoma, de acordo com os dados de contágios, mortes e internamentos em unidades de terapia intensiva. Na Comunidade de Madri, que abarca a capital e mais nove cidades, foi necessária a intervenção do governo central, que decretou estado de alarma por conta da má gestão da presidente Diaz Ayuso. Com isso, o primeiro-ministro Pedro Sánchez, decretou o confinamento perimetral. Na Catalunha, o governo decidiu fechar bares e restaurantes por 15 dias, restringir reuniões a seis pessoas e obrigar os estabelecimentos que funcionam 24 horas a fechar as portas às 22h.
França
Diante dos números, o governo de Emmanuel Macron decidiu optar pelo toque de recolher nas áreas mais castigadas pela pandemia, entre elas a capital Paris. Assim, as pessoas não podem sair de casa entre às 21h e às 6h desde o último sábado. Também estão afetadas pela medida, as regiões de Ilha de França, Lille, Rouen, Saint-Etienne, Tolosa de Llenguadoc, Lión, Grenoble, Marselha e Montpellier. O toque de recolher também se aplica a bares, restaurantes e teatros, que devem fechar às 21h.
Itália
O estado de alarme continua em vigor até 31 de janeiro de 2021 e o governo tem previsto a aprovação de um pacote para frear o aumento de contágios. Será obrigatório usar máscaras em todos os lugares, com multas que variam entre 400 e 1.000 euros. Saltar a quarentena estará castigada com penas de prisão e multas de até 5 mil euros. É obrigatória a distância social de um metro, estão assim como as aglomerações públicas ou privadas. Se pede para aumentar a higiene e é obrigatório que as pessoas com mais 37,5 graus de febre fiquem em casa. Para entrar no país é preciso apresentar um exame de PCR negativo.
Áustria
Apesar de ser um dos países menos afetados pela Covid-19, Áustria começou a tomar medidas diante dos primeiros indícios de segunda onda de contaminação. Voltou a obrigar o uso de máscara em lojas e espaços públicos fechados e proibiu o consumo em barras de bares e restaurantes. Os espetáculos devem ser com o público sentado em cadeiras pré-determinadas e o limite de pessoas está reduzido em espaços fechados. O governo recomenda ventilar os espaços e promover o teletrabalho.
República Checa
Com números em ascendência, o país colocou em marcha confinamentos parciais, fechamento de escolas, residências universitárias e bares.
Alemanha
Os dados da Alemanha são bons em comparação à Espanha, mas os contágios aumentaram nos últimos dia. Por isso a chanceler Angela Merkel anunciou novas medidas, entre elas limitação de reuniões em estabelecimentos públicos a 25 pessoas e a 15 em espaços privados. Está previsto obrigar o uso de máscara caso se supere o lindar de 35 contágios por cada 100.000 habitantes. A partir de 50 casos, se obrigará a fechar locais e espaços de lazer noturno às 23h e limtar as reuniões a um máximo de 10 pessoas.
Bélgica
Depois de dias com aumento de contágios e de hospitalizações, a Bélgica decidiu adotar novas medidas. Desde a semana passada, as reuniões estão limitadas a quatro pessoas dentro e fora de casa, respeitando a distância de segurança e uso de máscara. Os bares estão fechando às 23h e as mesas estão restritas a quatro pessoas, exceto para famílias com mais membros. Também se recomenda o trabalho online. As medidas serão válidas inicialmente por um mês.
Países Baixos
O governo ordenou o fechamento de bares e restaurantes. As lojas terão que fechar às 20h e está proibida a venda de bebidas alcoólicas a partir deste horário até às 7h da manhã. O uso de máscaras é obrigatório desde os 13 anos em espaços públicos fechados e no transporte público e o teletrabalho passou a ser obrigatório para todos que tiveram condições de executá-lo. As reuniões estão limitadas a quatro pessoas e estão proibidos eventos com muita gente, exceto feiras, congressos e centros culturais.
Reino Unido
O Reino Unido aplicará restrições em uma escala em três níveis de alerta. No mais baixo, se proíbe reuniões de mais de seis pessoas e o fechamento de locais de hotelaria a partir das 22h. No segundo nível, se proíbem reuniões entre pessoas que não convivam na mesma casa. O nível mais alto contempla o fechamento de bares e pubs e não circular em zonas de maior incidência da Covid-19. Na Irlanda do Norte as escolas foram fechadas durante duas semanas e os restaurantes durante um mês.
Finlândia
No início de outubro, a Finlândia viveu um incremento de casos com uma incidência de Covid-19 de 23,5 casos por cada 100.000 habitantes. Por isso, os lugares de lazer noturno devem fechar antes de uma da madrugada. O governo recomenda uso de máscara no transporte público e em locais onde não se possa manter a distância de segurança, assim como nas escolas de secundária. Para entrar na Finlândia é preciso fazer quarentena.
Islândia
Na capital Reykjavík, está obrigado aplicar distanciamento social em todo tipo de instalação e também em escolas. Estarão fechados cabeleireiros e centros de massagens. O limite de público em cinemas e teatros foi reduzido a 20 pessoas sentadas em lugares pré-determinados e com uso de máscara. Esta proteção será obrigatória em todos os lugares onde não for possível manter distância. Em todo país estão fechados bares e clubes e estão limitadas as reuniões públicas.