União Africana assegura 270 milhões de vacinas contra Covid-19
Remessa obtida pela União Africana se somará as 600 milhões de doses da vacina disponibilizadas ao continente pela OMS através do programa Covax
A União Africana (UA) assegurou para os países do continente mais 270 milhões de vacinas contra o coronavírus, que se somam às disponibilizadas pelo programa Covax. O novo pacote de vacinas irá complementar as 600 milhões de doses – que poderão vacinar 20% da população do continente – reservados para África através do Covax, a iniciativa internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Vaccine Alliance (GAVI).
“Desde o início da pandemia, temos mantido firmemente o princípio de não deixar nenhum país para trás”, disse o chefe de Estado sul-africano e Presidente da União Africana (UA), Cyril Ramaphosa, depois do anúncio, na última quarta-feira (13).
Com a aquisição, se espera que ao menos 50 milhões de vacinas estejam disponíveis entre abril e junho. Os fornecedores serão os laboratórios Pfizer-BioNTech e AstraZeneca, a partir das fábricas na Índia, e Johnson & Johnson.
A compra será financiada pelo Afreximbank (Africa Export-Import Bank) e Banco Mundial, uma vez que a maioria dos países do continente não pode pagar para financiar a imunização de suas populações. O Afreximbank fornecerá garantias antecipadas até 2 bilhões de dólares aos fabricantes em nome dos 55 estados-membros da UA, que poderão ser pagas, assim que as doses sejam entregues ou no prazo de cinco anos.
“Embora a iniciativa Covax seja essencial para a África, a União Africana teme que os volumes não sejam suficientes para conter os números crescentes da pandemia no continente”, explica em comunicado. “Cientistas do Centro Africano para Controle e Prevenção de Doenças (África CDC) indicaram que é necessário imunizar pelo menos 60% da população para diminuir significativamente a propagação da doença”, refere ainda o comunicado.
“Não podemos esperar. Esta não é uma vacina contra a poliomielite ou sarampo. As nossas economias estão a sofrer, o nosso povo está a morrer”, explicou John Nkengasong diretor do África CDC. Nkengasong disse que os estados devem agir rapidamente para organizar locais de armazenamento em grandes cidades, treinar profissionais de saúde, garantir o fornecimento de materiais como agulhas e criar sistemas eficazes para monitorar as vacinações realizadas. Os governos poderão começar a fazer pedidos por meio de uma plataforma da UA nos próximos dias.
A África registrou 3,1 milhões de casos de Covid-19 (3,5% do total global) e cerca de 75.000 mortes (2,4% do total global), de acordo com dados do Africa CDC. Durante o último mês, as contaminações aumentaram em média 18% por semana, com um crescimento significativo no oeste e no sul do continente. Está registrando 30 mil novos casos todos os dias, contra 18 mil na primeira onda da pandemia em 2020.
A África do Sul, onde nas últimas semanas foi identificada uma nova estirpe de Covid-19, é o país mais afetado no continente, com 1,2 milhões de casos e 35 mil mortes.