Jornalista é eleito presidente da Catalunha com missão de declarar independência
O jornalista Carles Puigdemont, 53 anos, foi eleito neste domingo (10) pelo Parlamento da Catalunha o 130º presidente do governo com uma missão desafiadora: tocar um processo constituinte que culmine em 18 meses com a separação do Reino da Espanha e a proclamação da república. No seu discurso, foi enfático. “Prometo que deixarei a minha pele e concluiremos o processo (de independência) com êxito”.
Puigdemont afirmou que vai cumprir à risca os pontos da declaração de independência aprovada no parlamento em 9 de novembro passado, que além do desenho da nova constituição e participação cidadã, prevê dotar a Catalunha da infraestrutura necessária à construção do pretendido estado. O documento também diz que o governo e o parlamento da Catalunha não estão submetidas às decisões das instituições espanholas, como forma de evitar cumprir decisões do Tribunal Constitucional (TC).
O novo presidente garantiu que iniciará imediatamente uma agenda de negociação com o estado espanhol, União Europeia e comunidade internacional para informar sobre o processo de desconexão e buscar apoio. Outra parte do discurso foi dedicada a expôr o plano de governo.
O projeto independentista não têm o aval da Espanha, que promete fazer cumprir as leis para evitar a ruptura. No Parlamento, isso foi enfatizado pelos líderes da oposição, que classificaram a proposta soberanista de “desafio ilegal que não conta com a aprovação da maioria dos catalães”.
A investidura de Puigdemont ocorreu depois de três meses de tensas negociações entre os deputados independentistas eleitos em 27 de setembro passado. E só foi decidida no sábado (09), a poucas horas de expirar o prazo para que, sem acordo para eleger um presidente, fossem convocadas automaticamente novas eleições parlamentares.
O nome posto inicialmente para presidir o governo era o do então presidente Artur Mas, candidato à reeleição, da coalizão Juntos pelo Sim, detentora de 62 cadeiras no parlamento. Recusado pelos parlamentares da CUP, que obteve 10 vagas no pleno. Para eleger o presidente é necessário 68 votos em primeira votação (maioria absoluta) ou 64 em segunda (maioria simples).
Para não enfrentar novas eleições, Artur Mas abriu mão da reeleição em troca de que a CUP garanta a estabilidade política nas futuras votações dos projetos do governo. E indicou Carles Puigdemont, integrante da mesma coalizão, que além de deputado até então era prefeito do município de Girona e presidente da Associação municipalista pela independência. Puigmont foi eleito Presidente com 70 votos a favor, 63 contra e duas abstenções.
Enquanto acontecia a eleição de Puigdemont, o primeiro ministro da Espanha, Mariano Rajoy (PP), informou, em Madri, que já deu instruções para que qualquer ação produzida pelo Parlamento da Catalunha e seu presidente, que “suponha vulnerabilidade da constituição espanhola tenha resposta do estado de direito”. “O governo não deixará passar nada que contravenha a unidade e a soberania do país”, enfatizou.