Presidente da Catalunha desiste da reeleição em nome da independência
Poucas horas antes de acabar o prazo para a convocação automática de novas eleições para o Parlamento da Catalunha, os partidos independentistas chegaram a um acordo para eleger um novo presidente autonômico. O candidato à reeleição Artur Mas, representante do Juntos pelo Sim, retirou sua candidatura e indicou o deputado Carles Puigdemont, da mesma coalizão.
A indicação foi aceita pela Candidatura de Unidade Popular (CUP), reoxigenando o processo independentista, que ficaria comprometido caso houvesse novo pleito. O processo estava encalhado por conta da negativa da CUP em somar os votos dos dez deputados eleitos aos 62 da coalizão Juntos Pelo Sim para reeleger Artur Mas. O atual presidente abriu mão do cargo em troca de que a CUP cedesse dois deputados em favor do Juntos pelo Sim, que desta forma passa a ter maioria no congresso e garantia de estabilidade política.
Com isso, neste domingo será convocada sessão extraordinária no Parlamento para investir Carles Puigdemont. O jornalista de 53 anos é o atual prefeito do município de Girona, presidente da Associação de Prefeituras pela Independência e integra Convergência Democrática de Catalunha (CDC), o mesmo partido de Artur Mas.
Desta forma, se dá luz verde ao processo soberanista no Parlamento, que planeja em 18 meses desenhar uma nova constituição, votá-la em referendo e, caso aceita, proclamar a república catalã. Os planos estavam ameaçados porque com as novas eleições não havia garantia de que os independentistas voltassem a obter maioria de cadeiras no legislativo.
Na tarde deste sábado (09), logo depois de fechados os termos do acordo, Artur Mas anunciou a decisão e explicou que o nome de Puigdemont foi indicação sua. Pelo documento firmado entre as partes, a CUP também se comprometeu a subsituir alguns de seus deputados eleitos. Especialmente os nomes que mais fizeram oposição à reeleição do atual presidente.
Artur Mas informou que essa foi uma decisão política difícil, mas tomada de forma tranquila e em nome de um projeto maior. “O mais importante neste momento é o trabalho para alcançarmos um sonho de todos, que é formar um país e um novo futuro”. Artur Mas deixou o Palácio do Governo sob gritos de independência do público que se concentrava em frente ao local desde a manhã à espera de um acordo. O gesto foi considerado de grandeza por analistas políticos, uma vez que se temia perder apoio popular ao projeto da independência. O atual primeiro ministro da Espanha, Mariano Rajoy, reagiu com dureza e disse que não permitirá atos ilegais na Catalunha. “A lei será respeitada e não permitiremos divisões e fraturas”, ameaçou.