Ativista brasileira Sônia Guajajara na lista dos mais influentes do mundo na Time
Ativista Sônia Guajajara teve luta pela causa indígena e defesa da Amazônia é reconhecida ao lado do cientista Tulio de Oliveira que sequenciou variante ômicron do coronavírus na África do Sul
Uma grata surpresa na lista das pessoas mais influentes do mundo em 2022 pela revista norte-americana Time. A ativista Sônia Guajajara teve sua luta pela causa indígena e pela defesa da Amazônia reconhecida. Ela atua atua como coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, na linha de frente da luta em defesa das terras indígenas brasileiras e pela preservação da floresta amazônica. No seu histórico acumula o feito de ter sido a primeira mulher indígena a concorrer a uma chapa presidencial no Brasil
Outro brasileiro na lista é o cientista Tulio de Oliveira cujo mérito se deve por sequenciar a variante ômicron do coronavírus na África do Sul. Ele é diretor do Centro para Resposta a Epidemias e Inovação da África do Sul (Ceri) e também identificou a variante a Beta, outra versão do Sars-CoV-2 achada no País africano. Da mesma forma como Oliveira, Sônia foi selecionada na categoria de “Pioneiros”.
Entre a vasta atuação de Sônia, ela participou da COP26, que criou um fundo de US$ 1,7 bilhão para povos indígenas e comunidades locais, além de liderar protestos indígenas contra o projeto de lei 490/2007, que altera o Estatuto do Índio, permitindo demarcação de terras destinadas às populações originárias e atividade extrativa dentro das reservas indígenas.
“Os pais de Sônia Guajajara não sabiam ler e ela teve que sair de casa aos 10 anos para trabalhar. Apesar disso, ela desafiou as estatísticas e conseguiu se formar na universidade. Desde tenra idade, lutou contra forças que tentam exterminar as raízes de sua comunidade há mais de 500 anos. Sônia resistiu e continua resistindo até hoje: contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indígenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista“, diz o texto da Time, assinado por Guilherme Boulos, que foi candidato à presidência em 2018 ao lado de Sônia, candidata a vice de sua chapa, que assina o texto na Time.
DESCOBERTA – Tulio foi indicado ao lado do virologista do Zimbabwe Sikhulile Moyo, diretor do laboratório de Referência de HIV de Botswana-Harvard, também responsável pela identificação da variante ômicron. “Cada geração tem pessoas que inspiram as gerações seguintes. Sikhulile e Tulio têm esse potencial para pessoas que trabalharão em saúde pública e genômica. Não vimos o fim de suas contribuições”, diz o texto da revista sobre os cientistas.
O pesquisador brasileiro iniciou a graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e está na África do Sul desde 1997. Ele trabalha com vigilância genômica há quase 20 anos, tem centenas de publicações em revistas de renome como as revistas Nature, Science, Lancet e NEJM. Além da pesquisador, atuou por 10 anos no The Wellcome Trust, um centro de caridade global independente dedicado a melhorar a saúde. A equipe de Oliveira também esteve por trás do sequenciamento de outros vírus conhecidos dos brasileiros, como o zika, que levou a OMS a decretar emergência internacional em 2016, febre amarela, dengue e chikungunya.