Rei da Espanha dissolve parlamento e convoca novas eleições para junho
Sem acordo para investir o novo chefe de governo, o rei Felipe VI dissolveu o parlamento que havia sido eleito no último dia 20 de dezembro e convocou novas eleições gerais na Espanha. O decreto marcando o novo pleito para 26 de junho foi publicado nesta terça-feira (03), após quatro meses infrutíferas de negociações entre os candidatos com mais votos.
Na eleição de dezembro, o atual primeiro ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), ficou em primeiro lugar, mas sem a maioria de cadeiras necessárias para a investidura e sem apoio dos demais partidos foi impedido de renovar o mandato. O candidato do Partido Socialista (PSOE), Pedro Sanchez, chegou a costurar acordo com o quarto colocado, Alberto Rivera (Ciudadanos), mas não obteve a chancela de Pablo Iglesias (Podemos), que ficou em terceiro. Assim, também teve seus planos de tornar-se primeiro ministro frustrados.
O cenário para os candidatos permanece turvo. Pesquisas mostram que os resultados previsto para o novo pleito não deverão mudar o cenário político, o que forçará as legendas a voltarem à mesa de negociações. Isso porque o PP e PSOE, forças que passaram anos se revezando no poder, perderam a hegemonia nas últimas eleições, dividindo votos com os novos partidos Podemos e Ciudadanos.
O cenário fica ainda mais incerto pela possibilidade de haver grande abstenção em alguns setores da sociedade, o que poderia ajudar a impulsionar o Podemos e o Ciudadanos – ambos partidos que vão continuar a representar sérios desafios para o PP e os socialistas de centro-esquerda em junho.
Uma série de casos de corrupção desde as eleições colocaram o PP em situação complicada. O ministro da Indústria e Turismo, José María Soria, foi forçado recentemente a se demitir quando seu nome foi ligado a uma conta offshore no escândalo Panamá Papers. E a ex-prefeita de Valencia Rita Barberá, nome de peso do PP em sua cidade por duas décadas, está sob investigação judicial por encabeçar um esquema de financiamento ilegal do partido.
Ainda assim, pesquisas divulgadas pelos dois maiores jornais espanhóis e uma emissora de televisão no fim de semana passado preveem que o PP vai liderar as eleições de 26 de junho, com entre 28%e 29% dos votos – votação similar aos 28,7% obtidos em dezembro passado. Por sua vez, os socialistas, que conseguiram 22% da última vez, devem receber entre 19% e 22%.
As pesquisas diferem se o Podemos ultrapassaria os socialistas como segunda maior força política caso ele decida juntar as forças com o Esquerda Unida e fechar uma coalizão. Os dois partidos estão em conversações sobre disputar as eleições como um “time”.
Mas como as acusações entre os líderes de partidos continuam acontecendo sobre de quem é a culpa pelo impasse, os espanhóis parecem menos preocupados em não ter um governo nesta etapa.
A taxa de desemprego de 23% e a corrupção no setor público estão no topo da lista das preocupações dos espanhóis e estão muito acima da incapacidade da Espanha de formar um governo, de acordo com a organização financiada pelo governo Centro de Pesquisa Sociológica (CIS, em espanhol), que mede a opinião pública espanhola todo mês sobre temas atuais.
O impasse de quatro meses não afetou muito os espanhóis porque o Orçamento do país de 2016 foi aprovado semanas antes das eleições de dezembro e “vai manter o governo funcionando”.
Qué pais é esse? Políticos incompetentes que não sabem negociar, obrigando a realizar novas eleições que custarão 200 milhões de euros ao erário público, enquanto a UE obriga a população a apertar o cinto para pagar a dívida pública do Estado.