Atentado na França: O sacerdote que irradiava bondade

Padre França 2
Comunidade lamenta assassinato do pároco que se dedicava integralmente à comunidade

Há dez anos o sacerdote Jacques Hamel vivia na pequena localidade de Saint-Etienne-du-Rouvray, convencido que com 50 anos de sacerdócio ainda poderia ajudar à comunidade. O clima de tranquilidade da paróquia da Normandia foi um atrativo para o padre auxiliar. Que realizava ontem (26) a primeira missa da manhã substituindo o padre Auguste Moanda-Phuati, de férias.
Não imaginava o que estava por acontecer. Hamel, de 86 anos, foi degolado por dois homens que invadiram a igreja, fizeram reféns, feriram mais uma pessoa e ainda gravaram a atrocidade. Com lágrimas nos olhos, fiéis demonstravam consternação pelo assassinato do padre que muitos consideram mártir.
Na localidade, o religioso era visto como “honesto, dedicado à comunidade e com grande espírito missionário”. O ex-arcebispo da diocese de Rouen, Jean-Charles Descubes, falava dele como um “homem que irradiava bondade”, enquanto outro membro da congregação recordava sua disposição em oficiar batizados, casamentos e funerais.
A dor pela sua morte foi sentida na mesquita da cidade, que pode ser construída exatamente porque a igreja católica cedeu o terreno. O líder religioso Mohammed Karabila assegurava que perdeu um amigo e afirmava que os muçulmanos “rezam pela família do religioso e pelos católicos”.
ASSASSINOS – Adel Kermiche, de 18 anos, foi o primeiro a ser identificado formalmente como suspeito de ter levado a cabo o ataque à igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray. O homem, que estava com pulseira eletrônica, foi detido na Turquia no final do ano passado quando tentava chegar à Síria. Do segundo participante sabe-se que é menor de idade.
“A identificação formal da segunda pessoa ainda está em curso. É menor, nascido a 18 de agosto de 1999 na Argélia. É irmão mais novo do indivíduo com um mandado de captura internacional com documentos que o identificam como Adel Kermiche”, disse o procurador francês François Molins, citado pelo “Le Monde”, sublinhando que o menor de idade não é suspeito dos assassínios, mas que foi detido pela possível ligação ao ataque.
Adel Kermiche é o único suspeito formalmente identificado. Nascido a 25 de março de 1997, em Mont-Saint-Aignan, na Normandia, “não tem qualquer registo de condenações”, mas “é bem conhecido pelas autoridades”. No começo de 2015, tentou por duas vezes viajar para a Síria usando a identidade do irmão e de um primo.
Na primeira tentativa, em março de 2015, Adel Kermiche – à época com 18 anos – ficou em liberdade condicional. Dois meses depois, em maio, voltou a tentar seguir para a Síria. Desta vez foi parado na Turquia. Ficou sob custódia policial até 18 de março de 2016.
Desde então, Kermiche estava sendo monitorado, através de pulseira eletrônica. Não podia sair de casa. Havia uma exceção: aos dias de semana entre as 8h e as 12h e no final de semana entre as 14h e as 18h não era vigiado. O ataque na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray aconteceu às 9h.

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