Donald Trump inaugura era da incerteza

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Trump assume rédeas da maior potência do planeta espalhando sentimento de incerteza

Se em 2008, quando Barack Obama tomou posse como 44º presidente dos Estados Unidos, a palavra chave era esperança, hoje, 20 de janeiro de 2017, o dia em que Donald Trump assume o cargo como 45º presidente, o conceito dominante é incerteza. Essa sentimento, que se estende pelo planeta, se dá pelo fato de que pela primeira vez, desde Eisenhower, um homem de negócios de maneiras grotescas e sem nenhuma experiência política vai tomar as rédeas da primeira potência mundial.
Conscientes disso, a equipe de transição de Trump insistiu ontem através de diversos canais que hoje se produzirá “a grande transformação do candidato em presidente” e esta metamorfose, que a priori se apresenta bastante complicada, se comprovará na primeira mensagem que dirigirá à nação.
Tom Barrack, velho amigo e sócio de Trump durante muitos anos, que forma parte do comitê organizador da cerimônia de posse, assegurou à CBS que Trump “centrará seu discurso em asuntos que nos unem aos norteamericanos e que aquelas bravatas que protagonizou na campanha eleitoral “vão desaparecer”.
A ideia de unidade em um país profundamente dividido foi tomada como bandeira por Trump, mas com seu estilo habitual, em seu canal favorito, o Twitter: “Não tenho nenhuma dúvida de que juntos vamos fazer com que os Estados Unidos sejam grande de novo”. Ele aproveitou para retuitar a Franklin Graham, líder evangélico branco: “Não foi Donald Trump quem dividiu este país. Este país já está dividido há muito tempo”.
As festas começaram ontem, como manda a tradição no país. Trump e a esposa Melania voaram de Nova Iorque a Washington pela manhã já em avião militar. A capital foi vestida de gala para dar as boas vindas ao novo presidente. Difícil está se mover pela cidade em função das medidas de segurança tomadas. Foram mobilizados 30 mil agentes para o esquema.
Nunca como hoje e durante o final de semana vão coincidir na cidade tantos partidarios e detratores no novo presidente. Estão previstas mais de cem manifestações, a maioria contra Trump. Sondagens publicadas esta semana pela rede de notícias CNN e o jornal Washington Post, juntamente com ABC News, indicam que Donald Trump vai tomar posse como o presidente dos Estados Unidos com taxa de popularidade situada nos 40%, a menor dos últimos 40 anos.
Não se viam números semelhantes desde que Jimmy Carter assumiu o cargo em 1977. Trump reagiu no Twitter afirmando que estas sondagens estão manipuladas, tais como as que se fizeram durante a campanha eleitoral: “As mesmas pessoas que fizeram as falsas sondagens eleitorais, e que estavam tão erradas, estão agora a fazer sondagens de popularidade. São tão manipuladas como antes”.
As pesquisas afirmam que Trump chegará à cerimônia com menos 44 pontos percentuais do que Barack Obama, que registava 84% quando tomou posse em 2009. Bill Clinton, em 1992, reunia 67% de taxa de aprovação e George W. Bush, em 2001, 61%.
Na sondagem da CNN, 53% dos entrevistados dizem sentir-se menos confiantes no novo presidente devido às declarações e ações do republicano desde que foi eleito. As opiniões sobre se Trump será um bom ou mau Presidente dividem-se, com 48% para cada lado, sendo que os demais não sabem responder ou não têm opinião.
Apesar deste resultado, a política econômica da próxima administração norte-americana ainda é fator de confiança. Na pesquisa do Washington Post e da ABC, 60% dos entrevistados opinaram que Donald Trump conseguirá realizar um bom trabalho com relação à economia americana. No estudo da CNN, 61% acham provável que o próximo presidente consiga criar emprego nas regiões mais afetadas pelo desemprego.
Já sobre o combate contra o autodenominado Estado Islâmico (ISIS), quatro em dez entrevistados pensam que Trump vai derrotar o grupo terrorista, tal como prometeu na campanha, registando-se assim uma diminuição neste índice desde novembro, quando 50% estavam confiantes na estratégia do republicano contra a ameaça jihadista.
POSSE – A posse de Trump será numa numa cerimônia pública junto ao Capitólio. A previsão é de que entre 800 mil a 900 mil pessoas estarão presentes. Estas estimativas se assemelham aos número da posse do segundo mandato de Barack Obama em 2013, mas longe dos 1,8 milhão de pessoas que assistiram, em 2009, ao discurso de inauguração do primeiro presidente afro-americano.
Os organizadores do principal protesto contra Trump, que acontece amanhã, esperam a participação de 200 mil pessoas, entre elas várias celebridades de Hollywood e da música americana, como Amy Schumer, Scarlett Johansson, Katy Perry, Cher, Julianne Moore ou Frances McDormand. Já para atuar na cerimônia e em eventos associados à posse de Trump, poucos foram os artistas que manifestaram interesse em participar.
As ausências de políticos também têm contornos inéditos. Cresce a lista de congressistas democratas que dizem que não vão estar presentes, algo inédito na história contemporânea dos Estados Unidos. Eles alegam que o multimilionário republicano é uma ameaça para a democracia.

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