Referendo sobre independência da Catalunha entra na agenda europeia
O presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, dá um passo importante hoje para abrir espaço na agenda europeia para o debate sobre a realização de um referendo sobre a independência. Ele participará em Bruxelas de conferência no Parlamento Europeu. A meta é chegar até setembro, mês previsto para a consulta, contando com o máximo de apoio externo possível para realizar a consulta a que o governo central de Madri se opõe. Puigdemont viajou acompanhado do vice-presidente Oriol Junqueras, e do secretário de Assuntos Exteriores, Raul Romeva.
O ato, organizado pelos eurodeputados catalães Josep Maria Terricabras, Jordi Solé e Ramon Tremosa (dos partidos dos partidos PDECat e ERC), será o primero de uma campanha mais ampla que pretende atrair a atenção da Europa e cumprir o propósito de abrir canais de diálogo político.
O governo da Catalunha reforçou a difusão do ato com anúncios em vários jornais europeus, como o Financial Times, Le Monde, Il Corriere de la Sera e De Standaard. A conferência será realizada numa sala com capacidade para 350 pessoas e dirigida a eurodeputados, trabalhadores da Eurocâmara, bem como a diplomatas e correspondentes internacionais.
Esteban González Pons, eurodeputado do Partido Popular (PP), criticou o evento, dizendo que se realiza nessa sala porque os organizadores “a alugaram”, mas também podia ser “num café”, já que não se trata “de um ato institucional”. Já o chefe da diplomacia espanhola, Alfonso Dastis, considerou “legítimo” que Puigdemont queira falar do tema na Europa, falando no direito à “liberdade de expressão”.
Mesmo com o presidente do governo da Espanha, Maryano Rajoy (PP), posicionando-se em contra as pretensões independentistas, Puigmont se mostra firme em cumprir o roteiro proposto. “Com ou sem pacto com Espanha, haverá um referendo sobre a independência da Catalunha até final de setembro. Se não fizermos é porque fracassámos”, disse no último domingo em um programa de TV. “Na Europa, todos estão avisados”, completou.
Na mensagem de Ano Novo, Puigdemont tinha já havia dito que realizaría o referendo. Segundo ele, o objetivo era ter luz verde do executivo, tal como aconteceu na Escócia em 2014 (o não à independência ganhou com 55,3%). Na ocasião, Rajoy respondeu ao líder do governo catalão como sempre: “O governo não vai autorizar nenhum referendo na Catalunha para liquidar a soberania nacional.”
Puigdemont está há pouco mais de um ano à frente do governo da Catalunha (Generalitat), sucedendo Artur Mas. Desde então, já foi aprovado no Parlamento o “roteiro” para a independência, que sofreu entretanto alguns ajustes.
Questionado na televisão sobre as mudanças nesse “roteiro”, Puigdemont respondeu que as coisas serão feitas “sem pressa” para ficarem bem. “Tenho trabalhado para que este país (Catalunha) tenha as condições legais de funcionamento e de democracia adequadas para fazer um Estado independente, com o apoio da maioria, preparando-o bem, não improvisando”, referiu, garantindo que as estruturas do Estado estarão prontas quando chegar a hora de declarar a independência da Catalunha.