Sim no referendo abre caminho para declaração de independência da Catalunha
Presidente Carles Puigdemont vai levar resultado ao Parlamento catalão que decidirá se vota pela proclamação da República. Primeiro ministro espanhol Mariano Rajoy ignorou votação, marcada por violência policial contra eleitores
O sim venceu no referendo da Catalunha sobre a independência com 2.020.144 dos 2.262.424 votos contabilizados oficialmente (90%). Os que optaram pelo não foram 176.566 (7.8%), enquanto brancos 45.586 (2%) e nulos 20.129 (0,087%). Pelo censo, 770 mil eleitores de 400 colégios eleitorais fechados pela polícia espanhola não puderam votar. Não se sabe o número de votos “levados” nas urnas conficadas. Mais de 5,3 milhões de eleitores estavam aptos a votar.
A jornada foi marcada por uma violenta ação policial por parte do estado espanhol, que resultou em 844 feridos. Em pronunciamento oficial, o presidente Carles Puigdemont disse que os catalães ganharam o direito de ser um estado independente em forma de república. “Hoje ganhamos muitos referendos, ganhamos o direito de ser ouvidos e de ser escutados pelo mundo. Nossa população mostrou isso de forma clara”, exortou.
O líder catalão anunciou que levará a mensagem ao Parlamento da Catalunha ainda esta semana, após a finalização da contagem de votos. O que abre caminho para a declaração de independência, segundo a Lei do Referendo, que é considerada ilegal pela Espanha.
Puigdemont disse que a União Europeia (UE) não pode ficar olhando para outro lado, nem continuar considerando a Catalunha como um assunto interno da Espanha. “O que houve aqui foi uma grave violação dos direitos humanos por parte de um estado hostil, que não sabe dialogar. Também somos cidadãos europeus e exigimos respeito”.
O presidente agradeceu aos que foram votar, especialmente aos feridos. “Homens e mulheres viveram uma jornada cheia de esperança, mas também de sofrimento. Agradeço aos que defederam nosso direito ao voto e às mais de 800 pessoas atacadas brutalmente”.
A fala de Puigdemont foi acompanhada por uma multidão na Praça Catalunha, em Barcelona, e em telões em várias cidades do território. Em Madri, muita gente ocupou a Praça do Sol para dar suporte ao direito de autodeterminação da Catalunha, o que se repetiu em Valência e Bilbao. As entidades soberanistas e centrais sindicais convocaram greve geral para a próxima terça-feira, como forma de protestar contra a atuação da polícia.
O primeiro ministro da Espanha, Mariano Rajoy, também se pronunciou à noite. No discurso, ignorou as vítimas da repressão e afirmou que o que houve na Catalunha não pode ser qualificado como referendo. Comemorando “a vitória das forças policiais que agiram profissional e proporcionalmente”, Rajoy instou Puigdemont a “voltar à realidade” nesta segunda-feira.
Rajoy lamentou que tenha sido proporcionada uma grande “frustação aos catalães”, que ao seu ver foram enganados. “Amanhã (segunda) é dia de volta à normalidade. Meu governo está aberto ao diálogo”, completou.