45 mil catalães clamam em Bruxelas: “Desperta Europa!”

Independentistas lotam ruas de Bruxelas em defesa ao direito de autodeterminação e contra intervenção da Espanha na Catalunha. Pediram soltura de presos políticos e implicação de líderes europeus na questão

A cor amarela em solidariedade aos presos políticos, que está proibida na Catalunha pela Junta Eleitoral espanhola, predominou na manifestação em Bruxelas

O movimento independentista da Catalunha se fez ouvir hoje no coração da Europa. 45 mil pessoas, segundo dados da polícia belga, participaram em Bruxelas da manifestação “Desperta, Europa”, com a finalidade de cobrar das autoridades europeias mediação no conflito político com a Espanha. Os manifestantes pediram a soltura dos políticos e ativistas presos em Madri sob a acusação de sedição, rebelião e malversação, e defenderam o direito à autodeterminação. Foi o mais multitudinário ato de rua visto na capital Bélgica nos últimos tempos, onde protestos com mais de dez mil pessoas já são considerados extraordinários.

Puigdemont, que foi ovacionado pela multidão, cobrou da União Europeia defesa dos valores democráticos na Catalunha, que ao seu ver estão sendo violados pela Espanha

Um dos momentos mais emocionantes aconteceu com a chegada de Carles Puigdemont, que teve o cargo de presidente da Catalunha cessado em outubro pelo governo da Espanha após a proclamação da república. A multidão o recepcionou aos gritos de “presidente”, “presidente”.

Puigdemont chegou acompanhado dos quatro integrantes de seu governo que estão com ele no exílio em Bruxelas – Lluís Puig, Toni Comín, Clara Ponsatí e Meritxell Serret. O líder catalão recebeu muitos abraços e palavras de carinho até chegar ao palco montado para os discursos dos participantes. No discurso, pediu à Comunidade Europeia que não tenha medo de dizer a um dos seus estados membros  que “não respeita os direitos básicos”, em alusão à Espanha.

“Espanha não está respeitando os valores fundamentais  da Europa”, ressaltou lembrando que foi obrigado a exilar-se. E que parte dos integrantes do seu governo, entre eles o vice-presidente Oriol Junqueiras, e os  líderes sociais Jordi Sànchez e Jordi Cuixart estão presos. ”Assim não”, enfatizou, dirigindo-se ao governo espanhol e aos líderes europeus.

Neste sentido, desafiou o estado espanhol a explicar porque retirou a ordem de detenção internacional contra ele e os quatro secretários. A decisão tomada há dois dias pela corte suprema se deu pela possibilidade da justiça belga, que analizava ordem de extradição, descartasse as acusações de sedição e rebelião. Com isso, Puigdemont seria julgado como muito por malversação, o que reduziria a pena de 30 anos a seis meses de detenção.

Os manifestantes coloriram a cinza capital belga com as famosas bandeiras esteladas, inundando as principais ruas da cidade de amarelo, vermelho e azul. O percurso da passeata teve que ser ampliado por conta do grande número de participantes. Muitos fretaram ônibus ou voos charters, enquanto outros foram de carro ou de trem, cruzando os 1,3mil km que separam a Catalunha da capital da Bélgica. O esforço não foi em vão. O ato ganhou grande cobertura da mídia internacional, cumprindo o objetivo de dar visibilidade à causa catalã.

Com a intervenção na Catalunha, o governo espanhol dissolveu o parlamento e cessou o governo, convocando eleições autonômicas para o próximo dia 21 de dezembro. Puigdemont é candidato, tendo como companheiro de chapa o ativista Jordi Sànchez, bem como o vice-presidente Oriol Junqueiras e alguns dos secretários. Puigdemont desponta na preferência do eleitorado nas últimas pesquisas eleitorais realizadas, apesar de estar sendo obrigado a fazer campanha de forma virtual, uma vez que a ordem de prisão contra ele continua em vigor em território espanhol.

 

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