Príncipe abre portas de palácio na Índia para LGBTs

Manvendra Singh Gohil, que tornou pública sua homosexualidade em 2006, e leva uma década defendendo os direitos do coletivo, rompe mais um tabú no país onde as relações entre pessoas do mesmo sexo são consideradas crime

Centro construído por Manvendra Singh Gohil oferecerá atendimento médico,hospedagem e formação profissional a membros da comunidade LGBT

Anúncio feito esta semana pelo príncipe Manvendra Singh Gohil, único membro da realeza da Índia que reconheceu públicamente que é gay, traz uma boa notícia para a comunidade LGBT do seu país, onde as relações entre pessoas do mesmo sexo são ilegais. Singh Gohil decidiu abrir as portas do seu palácio, em Gujarat, para as pessoas repudiadas na sociedade por conta da opção sexual.
O herdeiro do antigo reino de Rajpipla, de 52 anos, está fazendo reformas na sua residência, de cerca de 6 hectares, onde haverá hospedagem, uma clínica para atendimento médico e um centro educacional para ensino de inglês e de cursos de formação profissional para ajudar as pessoas a encontrarem trabalho. Também será destinada uma área para cultivo orgânico.
O complexo será gerido pela Lakshya Trust, uma organização que defende os direitos do coletivo LGBT, que ele próprio fundou logo depois de tornar sua homossexualidade pública e ser repudiado por sua família. Uma campanha de crowdfunding online e doações estão financiando a construção do centro.
“Eu não vou ter filhos, então eu pensei, por que não usar esse espaço para um bom propósito?”, disse ao explicarque na Índia os valores tradicionais dominam e as relações heterossexuais são a norma. “As pessoas ainda enfrentam muita pressão de suas famílias quando saem do armário, são obrigadas a se casar ou a são expulsas de suas casas. Eles geralmente não tem para onde ir, nenhum meio para se sustentar “, declarou em entrevista à agência de notícias Reuters.
O príncipe sofreu em sua própria carne a situação que descreve. Ele escondeu suas preferências sexuais da família durante a juventude e casou com a princesa Chandrika Kumari de Jhabua. Um ano depois, se divorciaram. Com uma imensa sensação de culpa, tentou encontrar “uma cura” para sua homossexualidade e mergulhou em uma profunda depressão.

O príncipe revelou sua homossexualidde em 2006, sendo repudiado pela família. desde então tornou-se ativista do movimento LGBT na Índia

ATIVISMO – Em 2006, após seu segredo ser revelado em um jornal, o príncipe decidiu conceder uma entrevista e declarar sua homossexualidade em público. Seus pais, que conheciam as preferências de seu filho, mas recusaram-se por anos a torná-las públicas, repudiaram seu único filho por “humilhar a família”. Sua homossexualidade estampou manchetes em todo o país e, desde então, ele se tornou um dos ativistas mais proeminentes na defesa do coletivo LGBT na Índia.
Na última segunda-feira, no entanto, a Suprema Corte assegurou que irá rever o artigo em questão. “Isso poderá encorajar mais pessoas a sairem do armário e a viver suas vidas livremente, mas também pode significar que haverá mais pessoas que precisarão de apoio”, destacou.
“A ação de Singh Gohil vem ajudando enormemente a comunidade LGBT na Índia”, disse Harish Iyer, ativista de direitos dos homossexuais que hospeda um programa de rádio dedicado a questões LGBT. “Temos sorte de ter muitos espaços amigáveis para LGBT em cidades como Mumbai e Delhi. Mas em cidades menores, não há tantos lugares, e é aí que eles são mais necessários”, explicou.

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