Pedro Sánchez reúne ministros em Barcelona sob protestos e proteção de mil policiais
A próxima sexta-feira, 21, promete ser de tensão na capital catalã, onde o primeiro-ministro Pedro Sánchez se reúne com seus ministros quando se completa um ano das eleições autonômicas impostas durante intervenção
É grande a expectativa em Barcelona, onde nesta sexta-feira (21) o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez (PSOE), realizará o Conselho de Ministros. A reunião que comumente acontece em Madri e não se realiza na capital catalã desde 1976 coincidirá com o aniversário de um ano das eleições autonômicas impostas ano passado pelo governo espanhol quando a Catalunha estava sob intervenção. O aparato de segurança do primeiro-ministro, composto por mil agentes da Polícia Nacional e Guarda Civil destacados de outras partes do país, está sendo criticado por partidos e entidades independentistas, que programaram uma jornada de protesto contra a realização do conselho.
Os independentistas consideram a reunião uma afronta por parte de Sánchez, que desde que tomou posse em junho até agora não fez gestos concretos com relação a situação dos presos e políticos exilados. Estão na cadeia o ex-vice-presidente Oriol Junqueras, a ex-presidente do Parlamento, Carme Forcadell, os ex-secretários Raül Romeva, Joaquim Forn, Josep Rull, Jordi Turull e os ativistas Jordi Sànchez e Jordi Cuixart sejam julgados pelo Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. No exílio estão o ex-presidente Carles Puigdemont, quatro dos seus ex-secretários e duas deputadas (ERC e CUP).
Os líderes processados são acusados de rebelião, sedição e malversação de fundos público por conta realização do referendo de 1º de outubro e a declaração de independência de 27 de outubro de 2017.
Há diversos protestos convocados nas proximidades do Palácio Llotja de Mar, onde será realizado o conselho, e em vários outros pontos de Barcelona. Um das mobilizações será uma carreata pelas ruas da cidade, convocada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC). Também marcaram mobilizações a Òmnium Cultural e os Conselhos de Defesa da República (CDRs). Os trabalhadores da companhia de trem Renfe anunciaram que farão greve.
O trânsito no entorno do Palácio Llotja de Mar, na área central de Barcelona, será fechado desde as primeiras horas da manhã até a altura do Passeio de Colombo. A polícia ressaltou que os artigos 503 e 504 do código penal espanhol preveem até cinco anos de prisão por impedir ou tentar impedir um Conselho de Ministros. Na pauta dos ministros estará o anúncio do aumento de 100 euros no salário mensal mínimo espanhol.
Em meio à celeuma gerada pela reunião de Sánchez e seus ministros, o governo espanhol, que antes não havia previsto encontro com o presidente da Catalunha, Quim Torra, voltou atrás. Os dois mandatários têm encontro previsto para a tarde desta quinta-feira, no Palácio Pedralbes, em Barcelona. Sánchez está tentando evitar que a agenda tenha caráter de cimeira entre os dois governos, uma vez que o presidente catalão insiste em colocar na mesa o tema do direito à autodeterminação e a situação de presos e exilados.
JULGAMENTO – Começou esta semana a conta atrás para o julgamento dos líderes independentistas, considerado o mais importante da Europa dos últimos tempos. Na última terça-feira (18), os advogados dos acusados compareceram a uma sessão de vista prévia da causa realizada pelo Tribunal Supremo (TS), em Madri. A defesa solicitou que os acusados sejam julgados pelo Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.
Na audiência, a única decisão tomada pela corte foi recusar a petição feita pela Jordi Cuixart para que o partido de extrema direita Vox seja excluído da causa, na qual figura como acusação popular e tem tido todas petições aceitas pelo Ministério Público.