Líderes independentistas catalães levados a Madri para julgamento
Transferência dos políticos e ativistas acusados de rebelião por conta do referendo de autodeterminação e declaração de independência cia, em 2017, ocorreu durante a madrugada sob tensão e emoção
A despedida dos nove líderes independentistas da Catalunha para Madri, onde serão julgados a partrir do próximo dia 12 de fevereiro, foi marcada por tensão e emoção. Centenas de pessoas se concentraram diante das três unidades prisionais onde estavam detidos, na madrugada desta sexta-feira (30), em solidariedade aos políticos e ativistas acusados, entre outros crimes, de sedição e rebelião por conta da realização do referendo de autodeterminação e declaração de independência em outubro de 2017.
Os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, se responsabilizaram pelo traslado dos presos até a Penitenciária Brians 2, onde a custódia foi assumida pela Polícia Nacional. A mobilização para a tranferência começou na madrugada, sob a expectativa dos que se concentraram diante das prisões e ao longo das estradas por onde estava prevista a passagem do comboio policial. Na prisão de Lledoners estavam sete dos nove acusados: o ex-vice-presidente Oriol Junqueras; os deputados Raül Romeva, Jordi Turull, Josep Rull e Jordi Sànchez; o ex-secretário Joaquim Forn e o ativista Jordi Cuixart, presidente da Òmnium Cultural. A ex-presidente do Parlamento, Carme Forcadell, e a ex-secretária Dolors Bassa estavam nas unidades prisionais de Mas d’Enric e Puig de les Basses.
O acesso à prisão de Lledoners ficou complicado a partir das 5h da madrugada porque foi necessário cortar um trecho da rodovia para que bombeiros limpassem óleo que foi derramado na área. Depois, houve momentos de tensão quando grupamentos de choque dos Mossos d’Esquadra retiraram manifestantes que resolveram sentar no meio da estrada em protesto. Há notícia de que um idoso levou uma queda durante a operação e teve que ser socorrido pelos serviços de emergência.
Os nove presos foram levados inicialmente à Penitenciária Brians 2. A primeira a chegar foi Dolors Bassa, que saiu de Figueres por volta das 6h da manhã. Pouco depois foi a vez da viatura que transportava Carme Forcadell. Antes das 8h, entrou na unidade os homens, que vieram escoltados em uma caravana formada por nove furgões e seis viaturas policiais. Os líderes independentitas permaneceram uma hora e meia no local, de onde saíram para as prisões de Soto del Real e Alcalá-Meco, em Madri, já sob a custódia da policia espanhola, um pouco antes das 10h.
O presidente da Catalunha, Quim Torra, e os secretários de governo estiveram em Brians 2 para se despedirem antes do comboio seguir para Madri, um pouco antes das 10h da manhã. “Formos transmitir força e apoio do governo”, assinalou Torra em comunicado à imprensa.
Os líderes catalães viajaram em um mesmo veículo da Guarda Civil. Em vários trechos do percurso dentro do território catalão foram recepcionados por manifestantes, que com bandeiras independentitas e cartazes reputavam que os políticos e a ativistas serão submetidos a um “julgamento falso”.
472 dies de presó i cap renúncia. Marxem a Madrid per acusar l’Estat de vulnerar els drets civils i polítics del poble de Catalunya, per defensar el nostre legítim dret a l’autodeterminació i a la desobediència civil #JoAcuso pic.twitter.com/LVcXjEtEzZ
— Jordi Cuixart (@jcuixart) 1 de fevereiro de 2019
Nas redes sociais, muitas pessoas publicaram fotos e vídeos da passagem dos presos e das manifestações de apoio. Os líderes catalães também se manifestaram através destes canais, com mensagens de agradecimento e ressaltando o estado é que está no banco dos réus. Na edição de hoje, o jornal conservador britânico The Times dedicou o editorial ao julgamento dos líderes catalães. Com o titulo “A inquisição espanhola”, faz uma clara advertència à justiça espanhola para que o julgamento seja justo.
“O sistema judicial espanhol tem que dissipar o temor (de que se trate de um julgamento político) assegurando que serà um julgamento justo. Como o estado espanhol se comporte nos próximos meses determinarà se o julgamento permitirá passar página da crise ou a reafirmarà”, diz o jornal, afirmando que este serà “um teste para a justiça de Madri”.