Polícia catalã tinha plano para prender Puigdemont em outubro de 2017
Revelação foi feita em depoimento no Tribunal Supremo da Espanha, em Madri, pelo major Josep Lluís Trapero, que comandava os Mossos d’Esquadra quando houve o referendo de autodeterminação e proclamação da república na Catalunha
Efetivos dos Mossos d’Esquadra estavam preparados para prender o então presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, e os membros do seu governo, caso recebessem ordens da justiça espanhola, dois dias antes da declaração de independência, em 27 de outubro de 2017. A revelação foi feita hoje, em Madri, pelo ex-comandante da polícia catalã, o major Josep Lluís Trapero, em depoimento ao Tribunal Supremo (TS) no processo contra os doze líderes soberanistas presos por rebelião, sedição e malversação de fundos públicos.
“Desconhecíamos a transcendência jurídica (da declaração de independência) e que delitos, contudo víamos que era de uma certa gravidade e nos colocamos à disposição do órgão judicial, especialmente se ordenavam algum tipo de ação neste sentido. Ações que tínhamos preparadas dois dias antes”, declarou. Questionado pelo advogado Xavier Melero quais eram tais ações, Trapero explicou: “A detenção do presidente e dos secretários se nos ordenavam”.
O oficial também afirmou que durante a realização do referendo de autodeterminação de 1º de outubro o operativo que preparou estava pactuado com a Guarda Civil e a Polícia Nacional. Desta maneira, desvinculou o corpo policial catalão do projeto independentista. Trapero responde a processo por rebelião e formação de quadrilha na Audiência Nacional, esfera inferior do poder judiciário espanhol.
Trapero classificou Joaquim Forn, que foi titular da Secretaria de Interior, à qual estão subordinados os Mossos d’Esquadra, de “irresponsável” e que por isso até hoje a corporação “está pagando”. Também disse que se sentia incomodado com o processo independentista. Contudo, relatou que nas reuniões prévias ao referendo, Puigdemont e Forn recomendaram que o corpo policial acatasse as ordens judiciais.
Com a declaração, além de se desmarcar da acusação de rebelião no processo que responde na Audiência Nacional, também retira da corporação qualquer envolvimento com o governo de Puigdemont.