Brasileiras contra o Fascismo protestam contra morte de Beto em Barcelona
Sob chuva, coletivo de brasileiras realizou ato em frente ao Carrefour nas Ramblas, no centro de Barcelona, para denunciar assassinato ocorrido na unidade do supermercado em Porto Alegre
A forte chuva que caiu em Barcelona não foi suficiente para impedir o protesto do coletivo Mulheres Brasileiras contra o Fascismo diante do Carrefour, nas Ramblas, no centro da cidade. O grupo denunciou o assassinato de Joao Alberto Silveira Freitas, o Beto, ocorrido no último 19 de novembro em um supermercado da rede francesa na cidade de Porto Alegre, no Brasil. Beto foi assassinado após ser espancado por dois vigilantes, na véspera do Dia da Consciência Negra no país, data que marca a luta pelos direitos do negros.
As Brasileiras contra o Fascismo receberam o apoio da Coalizão Negra por Direitos e de militantes de movimentos antirracismo. Entre os manifestantes, estava a deputada Maria Dantas (ERC), que tem assento no Congresso de Deputados da Espanha, em Madri, de onde de onde tem sido uma das vozes atuantes em defesa dos direitos humanos, de imigrantes e dos coletivos vulneráveis. Além de pedirem “Justiça para Beto”, os ativistas reforçaram que “Vidas negras importam”.
Davant de Carrefour, a dalt de la Rambla, concentració per l'assassinat racista de João Alberto al Carrefour de Porto Alegre, Brasil.#BlackLivesMatter, tb a Brasil i Barcelona.@BrasilxFascismo @UnitatvsRacisme pic.twitter.com/uDwoOmPOaO
— Marx21.net #BlackLivesMatter (@Marx21net) November 28, 2020
Daurante o ato, os manifestantes não apenas protestaram contra o crime, mas pelo fim do racismo e destacaram a importância da sociedade se conscientizar. “A desumanização do povo negro no Brasil é evidente. Queremos ter o direito de existir”, explicou a carioca Dai Sombra, porta-voz das Mulheres Brasileiras contra o Fascismo no ato.
O coletivo destacou que o povo negro quer sair à rua no Brasil sem sofrer violência policial e que no país há um genocídio contra esta população. “Quem morre é negro, quem é assassinado é negro, a polícia mata gente negra e a sociedade vive imersa em um racismo estrutural”, denunciou Maria Dantas.
ASSASSINATO – Os manifestantes explicaram a quem se aproximou para acompanhar o protesto sobre a forma brutal como Beto foi assassinado. “Nas fotos e vídeos nas redes é possível ver quando os vigilantes seguram a vítima e lhe desferem golpes e pontapés. Ainda se pode escutar os gritos por ajuda a Beto, que diz que não pode respirar”.
Apesar da gravidade do caso e das imagens da agressão serem claras, segundo os manifestantes, o governo brasileiro, de extrema direita, negou que se trate de um caso de racismo. O vice-presidente Hailton Mourão chegou a afirmar que no Brasil “não existe discriminação contra os negros”. Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro disse que “a violência é um problema vivido por todos” e que não existe razão para “dividir o sofrimento do brasileiro por grupos”.
Apesar de negar o racismo, o governo brasileiro tem diante de si dados que provam o contrário. Os negros, 56% da população atual, são os que mais morrem e os que menos ganham. Segundo dados do Atlas da Violência 2020, elaborado pelo Fórum de Segurança Pública, 75% das vítimas de homicídios no país em 2018 eram negras.
A taxa de homicídios de negros passou de 34 assassinatos por 100.000 habitantes em 2008 para 37,8 em 2018, um aumento de 11,5% na década, enquanto o número de assassinatos entre não negros caiu 12,9% no mesmo período.