Irã em chamas pela morte de Mahsa Amini

Queima de véus e pelo menos três mortos nos protestos pela morte da jovem de 22 anos morta após ser presa pela “polícia da moralidade” acusada de se vestir inadequadamente

Os protestos não cessam no Irã após a indignação desencadeada pela trágica morte de Mahsa Amini, a jovem que morreu após ser presa pela “polícia da moralidade” após ser acusada de se vestir inadequadamente. Ao menos três pessoas morreram no Curdistão iraniano. As imagens nas redes sociais mostram que as mulheres lideram os protestos, acompanhadas de muitos homens, colocando o governo do país contra a parede após anos de repressão.

Esta manhã em Teerã, estudantes de várias universidades realizaram novos protestos. Um deles aconteceu na Zahra University, um centro de ensino superior exclusivo para mulheres que se caracteriza por suas ideias conservadoras. Algumas das alunas tiraram os véus e publicaram fotos nas redes socais – sempre de costas, sem mostrar o rosto, para não serem capturados pelas autoridades.

Os protestos de hoje vêm depois de mais uma noite de manifestações em Teerã. Ontem, o centro da capital iraniana foi palco de novas marchas em que mulheres e homens – a maioria muito jovens – cantaram slogans pedindo justiça e liberdade. Essas mobilizações foram monitoradas por uma grande operação de segurança que incluiu não apenas diferentes órgãos da polícia, do exército, dos guardas revolucionários e suas forças paramilitares, mas também centenas de agentes à paisana conhecidos como Lebos Shahsid.

Azadi, azadi!” (liberdade em persa), gritou um grupo de oito jovens que, na companhia de uma mulher mais velha, caminhavam por uma das avenidas mais importantes do centro de Teerã no final da tarde de ontem. Naquele momento centenas de pequenos grupos, em sua maioria formados por mulheres, caminhavam pela área. Outros grupos menores observavam das portas de suas casas enquanto o gás lacrimogêneo lançado pela polícia se espalhava pelo ambiente.

Com o cair da noite, as marchas ganharam um tom mais violento com a repressão das autoridades e a resposta dos participantes, que muitas vezes se reuniam para defender quem fosse agredido ou detido.

As cenas foram replicadas em diferentes cidades do país conforme confirmado em vídeos publicados nas redes sociais. Muitos desses protestos aconteceram em lugares onde as mobilizações nunca haviam sido registradas antes, como na ilha de Kish, uma ilha do Golfo Pérsico usada como estância de veraneio para os iranianos, onde muitas mulheres tiraram os véus.

Em Kerman, outra cidade onde os protestos são raros, uma mulher subiu em uma caixa de luz e cortou o cabelo enquanto era aplaudida por dezenas de pessoas. Em Sari outro grupo de mulheres jogou seus véus no fogo enquanto dançavam, e em Isfahan, outra cidade conhecida por ser conservadora, outro grupo de mulheres – cercadas por homens que as protegiam – ergueu seus véus em protesto.

Na manhã de hoje, as redes sociais também foram inundadas com vídeos onde grupos de meninos apareciam confrontando as autoridades ou homens vestidos à paisana que buscavam reprimir os protestos. Mais protestos estão convocados hoje em Teerã.

Abaixo, um fio de Twitter publicado pelo jornal La Vanguardia que explica o que aconteceu com Masha.

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