Avanços na COP 27 não satisfazem todos mas apontam ajuda a países que sofrem com crise climática

Participantes de comprometem a criar fundo para perdas e danos aos países que mais sofrem com os efeitos da crise climática

Os participantes da 27ª edição da Conferência do Clima da ONU, a COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito, saíram da reunião com uma vitória conquistada nos últimos momentos do evento que se estendeu até o domingo (20). O compromisso de criação de um fundo para perdas e danos aos países que mais sofrem com os efeitos da crise climática. Uma forma de países desenvolvidos compensarem e repararem os países em desenvolvimento pelas consequências desastrosas das mudanças no clima, em que já não cabe adaptação.

Segundo texto publicado pelo Grenpeace, assinado por Mariana Campos, a criação deste fundo pode ser considerado um marco, “porque os países desenvolvidos finalmente reconhecem a dívida histórica que têm com países e comunidades que já estão pagando com seus corpos e territórios os impactos do aquecimento global”. De acordo com a ONG, a África, por exemplo, que recebeu a COP este ano, é um dos continentes mais prejudicados pela elevação do nível das águas e eventos extremos como secas, mas que menos contribuiu com o lançamento de gases do efeito estufa na atmosfera ao longo dos séculos”.

Assim, entendem o compromisso como uma questão de justiça climática e que é preciso garantir que esse dinheiro chegue de fato para quem mais precisa dele. “São pessoas que estão no chão da floresta e em regiões periféricas dos centros urbanos, por exemplo”, explicam.

SEM AVANÇOS – O Greenpeace explica que há outras questões importantes seguem emperradas. Uma delas está relacionada a ações para mitigação e adaptação às mudanças climáticas, como a promessa feita pelos países desenvolvidos de injetar US$ 100 bilhões por ano para apoiar os países mais pobres a implementar políticas de redução de carbono e aumentar sua resiliência aos impactos climáticos. 

Outro tema que segue sendo jogado para escanteio, de acordo com a organização, é como alavancar o fim dos combustíveis fósseis. “Infelizmente, o lobby de alguns governos e empresas de combustíveis fósseis na COP27 foi forte o suficiente para impedir avanços nas discussões sobre a eliminação de carvão, petróleo e gás, crucial para que o Acordo de Paris seja cumprido e o aquecimento do planeta se limite a 1,5ºC até o fim do século. Ainda que um grande número de países do Norte e Sul global tenham apoiado essa demanda por aqui, a presidência egípcia resolveu… fazer a egípcia, ignorando-a”, explicam.

No artigo, publicado em português, a ONG explica que “quanto mais toneladas de CO2, metano e outros gases lançados na atmosfera, mais dinheiro será necessário para ações de adaptação e reconstrução. A transição energética é essencial para frearmos a crise do clima. Os países precisam levar isso em consideração urgentemente, se quisermos alcançar a tão esperada justiça climática”.

No artigo, Mariana Campos destaca ainda uma fala de Thuane Nascimento, do Perifa Connection, no encontro da sociedade civil com o presidente eleito Lula na COP27: “Nosso tempo não é o tempo do Norte global, é o tempo da emergência climática. Perdas e danos acontecem todos os dias para nós, que não temos saneamento básico, moramos em casas precárias. A gente já vive no racismo ambiental. A falta de água acontece há 40 anos para nós”.

Essa reflexão demonstra como todas as decisões para quem já sofre com as mudanças climáticas em regiões periféricas é uma questão “para ontem”. Marina fecha o artigo com uma frase que faz relexionar bastante: “A ‘COP do mundo’ nos traz o alerta de que precisamos correr, não atrás da bola, mas em defesa da grande bola azul chamada Terra”. Concordamos inteiramente com a reflexão.

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