O caso Dani Alves e os reservados VIPs das discotecas de Barcelona

Passado quase dez dias da prisão do jogador Daniel Alves, em Barcelona, acusado de uma suposta agressão sexual a uma jovem de 23 anos na discoteca Sutton, as palavras “reservado VIP” têm sido as mais comentadas em redes sociais e pela mídia. A cronologia do caso começa em 30 de dezembro na boate muito frequentada por jogadores de futebol onde, segundo o relato do denunciante e das testemunhas, ocorreram os fatos.

O suposto crime teria ocorrido por volta das 4h30 da madrugada, de 30 a 31 de dezembro. A vítima chegou às 2h00 da madrugada, acompanhada de uma prima e um amiga, depois de lhe terem sido atribuídos bilhetes gratuitos para esta sala. Chegando lá, alguns amigos os convidaram para a área VIP.

Na sala privada, Dani Alves viu as meninas e pediu que sentassem com ele e o amigo. Em duas ocasiões, segundo o jornal La Vanguardia, ele mandou o garçom convidar a vítima e seus acompanhantes para um cava (espumante produzido na Catalunha). A princípio as jovens rejeitaram a oferta de acompanhá-los, mas por insistência da trabalhadora local acabaram aceitando. O que aconteceu na sequência é o levou o jogador de futebol à prisão preventiva.

A jovem, em depoimento, garantiu que ele a esbofeteou, trancou-a no banheiro da área VIP da boate Suttone a estuprou. Com a repercusão do caso, os olhos se voltaram para estas áreas “especiais” nas boates. Como funcionam essas salas reservadas, como acessá-las? Quem são seus clientes? Existem garotas pagas? Certos “abusos” são comuns? A rádio RAC1 ouviu o depoimento de dois jovens que trabalharam como garçons nestas áreas das boates e são testemunhas de tudo o que acontece a noite começa a correr.

O jornalista Albert Om, do programa Islândia, conversou com duas pessoas que nos últimos anos trabalharam como garçons nestes espaços de casas noturnas. Áreas VIP que só são acessadas por pessoas com dinheiro, normalmente homens, mas também mulheres que são convidadas a entrar ou mesmo pagas pela discoteca para isso. É uma estratégia para atrair homens que buscam a companhia de meninas para se divertir e consumir mais. “Há garrafas que de 500 euros”, segundo os entrevistados pelo programa.

Pablo Jofra, que atualmente trabalha em uma grande casa de shows em Ibiza e que em 2015 trabalhou em Sutton, e Marta Segarra, que antes da pandemia atuava em boates de Barcelona, ​​​​explicaram qual era o seu trabalho em qualquer noite. Entre outras funções, eles se dedicavam a selecionar as meninas que achavam que os clientes poderiam gostar, ou a oferecer as que escolhessem para entrar na sala privada.

GAROTAS IMAGEM – Jofra explicou no programa que é um grande negócio para as discotecas pagar o que chamam de “meninas da imagem”. “Estas jovens recebem entre 40 e 80 euros e o seu papel é estar no local e divertirem-se. Para a discoteca compensa, o que eles querem é um bom produto para o cliente”, detalha Jofra. “O problema é que muitas jovens, bebendo sem limite, acabam a noite praticamente sem dormir”, acrescenta Marta Segarra.

Jofra confessou que se vês uma pessoa simpática, pregunta se ela quer ir beber com aquelas pessoas, explicou no Islândia. Segarra, por sua vez, falou como funciona: “Eles chamam um garçom e pedem tantas meninas. Eu ou qualquer outra pessoa os escolhe. A maioria diz que sim porque é grátis. Então estas pessoa recebem uma pulseira e entram ”, diz.

ROTINA – “Já vi jovens que saiam da discoteca que mal conseguiam andar”, contou Marta Segarra na entrevista, convencida de que já houve mais casos como o de Dani Alves, mas que não vieram à tona. “A questão do Alves surgiu porque ele é quem é e porque eles ativaram o protocolo No Callamos (adotado pela prefeitura de Barcelona em 2018), mas não é a primeira vez que isso acontece.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.