8 momentos da história em que a Catalunha esteve sob a mira da Espanha
Na edição impressa do Jornal do Commercio desta quinta-feira, 26 de outubro de 2017, explico que não é de agora que os catalães lutam pela independência. São 300 anos de resistência desde a Guerra de Secessão, em 1714, quando a dinastia Borbon venceu a sucessão do trono espanhol e penalizou a Catalunha com a retirada de poderes por ter se posicionado ao lado de Carlos da Áustria. De lá para cá, muitos são os registros históricos de conflitos entre Madri e Barcelona, que tem sido alvo de repressivos ataques, muitos deles seguidos de execuções, prisões e censura a quaqluer tipo de manifestação política. Aos que desejam acessar ao conteúdo da reportagem no JC, é só acessar este link do PDF: JC Conflitos são frequentes .
No momento em que mais uma vez Madri ameaça marchar contra Barcelona utilizando a violência, recordamos 8 momentos conflitivos que ficaram marcados na história.
1 – Guerra de Sucessão, 1714
Na Guerra de Sucessão ao trono espanhol, os catalães se aliaram ao arquiduque Carlos da Áustria, uma decisão que saiu muito cara. Barcelona foi arrasada em setembro pelo exército Borbon, que deixou um saldo incontável de mortes. Catalunha perdeu a autonomia governamental e foi duramente reprimida. Mais de 30 mil pessoas foram exilidas.
2 -Espartero, 1842
Representantes da indústria algodoeira se rebelaram contra o tratamento recebido por Madri em novembro de 1842. O general Baldomero Espartero ordenou um bombardeio indiscriminado contra Barcelona e cravou a frase: “Pelo bem da Espanha, é conveniente bombardear Barcelona ao menos a cada 50 anos”.
3 – Fechamento de Caixas, 1899
Catalunha, denominada então como a “fábrica da Espanha”, pedia um autogoverno. Embora a economia local fosse pujante, Madri resolveu aumentar os impostos. Empresários e trabalhadores reagiram deixando de pagá-los. O estado declarou guerra a Barcelona, dissolvendo a revolta a golpes de sabre.
4 – A ditadura de Primo de Rivera, 1923-1930
Em 13 de setembro de 1923, o general Miguel Primo de Rivera liderou um alçamento militar contra Barcelona com anuência do rei Alfons XIII. O objetivo era perseguir os mentores do ressurgimento da língua, da cultura e dos símbolos da Catalunha. Foram proibidas a organização de partidos, associações e as instituições catalãs.
5 – Os feitos de outubro de 1934
Em 6 de outubro, Lluís Companys proclama o Estado catalão dentro da República Federal Espanhola como resposta à involução conservadora do governo republicano. Em menos de 10 horas, Madri restabeleceu o regime marchando com o exército sobre Barcelona. Na sequência, suspendeu a autonomia, impôs o castelhano como única língua, proibiu a atividades de partidos, sindicatos e outras associações. Houve 3.400 prisões políticas, entre os quais a de Companys.
6 – Guerra Civil, 1936-39
Durante a Guerra Civil, Barcelona foi bombardeada indiscriminadamente. A repressão dos vencedores foi política, social, trabalhista e ideológica. Como explica Josep M. Solé i Sabaté, no caso da Catalunha, também “houve uma tentativa de genocídio cultural que pretendia destruir a identidade nacional”.
7 – A espanholização o Barça e o fuzilamento de Josep Sunyol, 1936-1946
Desde a sua criação, em 1899, a catalanidade do Futebol Club Barcelona foi reprovada em diferentes ocasiões. O momento mais traumático foi em agosto de 1936. Josep Sunyol i Garriga, presidente do clube e deputado de Esquerda Repúblicana de Catalunha (ERC), foi fuzilado em Guadarrama quando visitava o front para encorajar os soldados catalães que lutavam na guerra. Durante a ditadura de Franco, o Barça sofreu um processo de castelhanização, com a depuração dos elementos catalanistas do clube.
8 – Fuzilamento de Companys e a larga noite franquista, 1939-1975
Com a vitória do fascismo na Guerra Civil, muitos membros da sociedade catalã tiveram bens confiscados. Um grande número foi fulminado com a pena de morte, enquanto milhares sofreram julgamentos duríssimos e foram enviados à prisão. A Generalitat (governo catalão) foi abolida e empreendida uma política de asfixia ao idioma local. Em 15 de outubro de 1940, Lluís Companys, presidente de la Generalitat, foi executado no Castelo de Montjuïc. Se converteu no único presidente escolhido democraticamente na história contemporânea executado por motivos políticos.