Cenas de cinema durante funeral de mafioso em Roma
Cenas dignas de cinema foram registradas nas ruas de Roma na última quinta-feira, 20 de agosto, durante o funeral de Vittorio Roma Casamonica, apontado como um dos mais poderosos chefes mafiosos da Itália. No início do cortejo uma banda tocava a música tema do filme O poderoso chefão, enquanto pétalas de rosas eram jogadas de um helicóptero que acompanhava o trajeto até a igreja Dom Bosco, onde foi realizado o velório.
O caixão foi transportado numa carruagem com ornamentos de ouro, puxada por seis elegantes cavalos, entre gritos, aplausos e lágrimas das pessoas que participavam da despedida. Várias ruas tiveram o tráfego cortado para passagem do corpo.
Na fachada da igreja, um grande cartaz com uma imagem de Casamonica, vestindo uma roupa branca semelhante ao Papa, com um crucifixo, e uma montagem de imagens do Coliseu e São Pedro, tinha a seguinte inscrição: “Rei Vittorio Casamonica Roma.”. Em outros posteres, a frase: “Você conquistou Roma. Agora vai conquistar o Céu”.
Terminada a cerimônia religiosa, o show continuou do lado de fora da igreja, desta vez ao som da melodia do filme 2001, Uma odisseia no espaço, que começou a tocar quando o ataúde foi colocado em cima de um Rolls Royce.
O mafioso, que morreu aos 65 anos, era o senhor do clã acusado de praticar extorsão na periferia de Roma, ligado ao grupo Magliana, um dos mais poderosos da capital italiana. Contudo, o mafioso sempre conseguiu escapar da justiça e nunca foi condenado, apesar de ter que se explicar várias vezes diante dos tribunais.
O funeral do “Rei de Roma” causou controvérsias. O vereador de Roma, Alfonso Sabella, disse que o espetáculo “poderia ter sido evitado, mas não foi porque a existência da máfia ainda é negada”. Ele mesmo diz que Roma não é uma cidade com este tipo de organização criminosa, embora admita que “existem organizações mafiosas que controlam partes do território da cidade”. Por sua vez, o prefeito de Roma, Ignazio Marino, descreveu o episódio como “intolerável”, uma vez que os funerais são instrumentos usados para “enviar mensagens máfia”.
Embora o cortejo fúnebre tenha sido supervisionado pela polícia, verificou-se que o helicóptero voou sem permissão da Prefeitura de Roma, que promete retirar a licença da aeronave. Os netos de Casamonica alegaram, no entanto, que o helicóptero é o seu meio usual de transporte.
Também gerou polêmico o fato da Igreja de Dom Bosco ter aceitado realizar a cerimônia do velório de Casamonica. Isso porque se recusou, em 2006, a celebrar o funeral de Piergiorgio Welby, um paciente com distrofia muscular progressiva e ativista de eutanásia que morreu assistido pelo seu médico, após ter retirado o respirador em atendimento ao pedido de uma morte digna.
O pároco Giancarlo Manieri argumentou que ele “só atuou como uma padre” e que as comemorações foram realizadas fora da paróquia. Ele também disse que ele não tem poder de impedir qualquer funeral e muito menos levantar debate sobre excomunhão de mafiosos. “A Igreja pode dizer não a um funeral?”, perguntou.
Isso não é novidade alguma e,na terra,só vale quem tem dinheiro e poder.O resto é apenas para pagar extorsivos impostos.Só.