Liceu de Barcelona reabre com concerto para plantas
2.292 plantas ocuparam os assentos do mais famoso teatro de ópera de Barcelona para “assistir” “Concerto para o bioceno”, que marcou reabertura do local após fechamento por conta da Covid-19
Quem transita pelas famosas “Rambles” de Barcelona não fica inerte a majestuosidade do Grande Teatro Liceu – cenário desde 1847 dos mais prestigiados intérpretes de ópera do mundo. Fechado por mais de 90 dias por conta da pandemia do Covid-19, reabriu suas portas esta semana com um concerto para um público muito especial: 2.292 plantas. A obra apresentada foi “Crisântemos”, de Giacomo Puccini, criada pelo artista conceitual Eugenio Ampudia, sob o título “Concerto para o bioceno”, e executada pelo UceLi Quartet.
Ampudia explicou que “em um momento em que uma parte importante da humanidade se confinou em espaços limitados e foi obrigada a renunciar à mobilidade, a natureza avançou para ocupar os espaços que havíamos arrebatado”. Por isso, com a ação, o artista quis reivindicar a possibilidade de “ampliar o conceito da empatia a outras espécies” e contribuir para isso “com a arte e com música, em um grande teatro”. O concerto foi exibido ao vivo através da internet e chamou foi destaque nos noticiários de toda Europa.
Ao finalizar o concerto, o quarteto formado por Yana Tsanova e Oleg Shport (violinos), Claire Bobij (viola) e Guillaume Terrail (violoncelo) saudou ao auditório, ante uns efeitos de som que imitavam um aplauso levado a cabo pelas folhas das plantas. As espécies que encheram os assentos do Liceu serão entregues a 2.292 profissionais de saúde do Hospital Clínic de Barcelona, acompanhadas de uma saudação de Eugenio Ampudia.
Além do apoio do Liceu, o “Concerto para o bioceno” recebeu patrocínio da Galería Max Estrella e do comissariado de Blanca de la Torre. Em nota, a direção do teatro disse que acolheu deste modo, “uma ação de alta carga simbólica que reivindica o valor da arte, da música e da natureza como carta de apresentação para voltar à atividade”.