Um segundo lar para a humanidade

Por Cesar Vanucci *

“O fracasso humano que eu mais gostaria de corrigir é a agressão”.  (Stephen Hawking)

Na constelação científica Stephen Hawking foi astro de grande fulgor. A trajetória deste sábio inglês foi marcada por enorme adversidade, incrivelmente sobrepujada pela sua genialidade e força de vontade. Acometido por uma doença degenerativa que o levou, num processo gradativo de padecimentos, à paralização quase total de seus controles motores, adquiriu, mesmo assim, conhecimentos extraordinários, que lhe permitiram repassar ao mundo informações e orientações de grande significado para os avanços científicos e tecnológicos registrados em seu tempo. Seus feitos alçaram-no, no reconhecimento de seus pares, à condição de celebridade a altura dos maiores nomes da ciência de todos os tempos. É considerado como um dos responsáveis por boa parte das eletrizantes descobertas da astrofísica moderna.

Estudiosos da obra de Hawking identificam revelações de algum modo proféticas, em suas análises, entrevistas, palestras e outras manifestações.

Profecias de Hawking: 6 coisas que podem causar catástrofes e fim do mundo.” Este o sugestivo título de um excelente trabalho que tem como autora a jornalista Camila Mazzotto, repórter colaboradora de ciência, saúde e tecnologia do UOL.

Vale a pena conhecer o pensamento do cientista a respeito de questões magnas vinculadas ao destino humano.  “O fracasso humano que eu mais gostaria de corrigir é a agressão”. A frase, dita em 2015 pelo físico Stephen Hawking, soa cirúrgica em meio à guerra na Ucrânia. Um grande conflito mundial era uma das preocupações que povoavam a mente do cientista britânico pouco antes dele falecer, em 2018, como mostram suas últimas declarações à imprensa.” A explicação acima, da jornalista Camila Mazzotto é acrescida da observação de que, além de uma conflagração bélica mundial, o cientista expôs muitas vezes receios quanto à utilização imprópria da chamada inteligência artificial. Outro motivo de grande preocupação externada por ele, quanto ao destino humano, são as mudanças climáticas. Seis elementos são apontados por Hawking como detentores de potencialidade para desencadear catástrofes. A falta de um segundo lar para a civilização terrena é um deles. O astrofísico argumentava que a Terra, em dado momento, não seria suficiente para abrigar os seres humanos.

Na verdade – registra a jornalista – “o cientista temia que, se a humanidade não se tornar uma “espécie espacial” nos próximos cinco séculos, talvez seja extinta. Isso porque o crescimento populacional e o aumento do consumo de energia transformarão a Terra em “uma bola de fogo” até 2600. A sobrevivência da raça humana “dependeria de sua capacidade para encontrar novos lares em outros lugares do universo, pois o risco de que um desastre destrua a Terra é cada vez maior”, disse o astrofísico ao jornal El País, em 2015. Hawking incentivou pesquisas em torno de tecnologias que possibilitassem a colonização de um outro planeta habitável com a maior urgência possível.  A reportagem menciona que Stephen sugeriu no documentário “The Search for a New Earth” (A Busca por uma Nova Terra, em tradução livre), o planeta conhecido pela denominação de Ross 128 b como ideal para ser nosso segundo lar.

É interessante frisar que, nada obstante a opinião emitida sobre a busca de um novo astro que pudesse ser nosso segundo lar, Hawking, conforme sublinhado na reportagem, não incentivava a procura de contato com possíveis civilizações extraterrestres. Admitia ser pouco provável que qualquer forma de vida alienígena ficasse satisfeita ao saber da nossa existência. Palavras textuais suas: “Se os extraterrestres nos visitarem, o resultado será muito parecido com o que aconteceu quando Colombo desembarcou na América: não foi uma coisa boa para os nativos americanos”.

Outros pontos das visões do cientista sobre o mundo no comentário vindouro:

A ameaça das armas biológicas 

O sucesso em criar a inteligência artificial pode ser o maior evento da história. Ou o pior”. (Stephen Hawking)

Damos continuidade à divulgação das opiniões expressas pelo genial cientista britânico Stephen Hawking, falecido em 2018, sobre questões magnas relacionadas com o futuro da espécie humana. Como já explicado anteriormente as considerações alinhadas foram extraídas de esplêndido trabalho jornalístico de Camila Mazzotto para o UOL.

O astrofísico Hawking definiu as mudanças climáticas como “um dos grandes perigos enfrentados pela espécie humana“. Não por acaso, o cientista foi um dos críticos da atitude tomada pelo ex-presidente  Donald Trump, quando retirou o apoio dos EUA ao Acordo de Paris, em 2017 — ato, por sinal, revogado por Joe Biden, ao assumir a Casa Branca.

Como lembrado na reportagem, considerado um marco nas negociações internacionais sobre o clima, o Acordo prevê que os países devem trabalhar para que o aquecimento global fique bem abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC. 

Hawking salientava que desfazimento do Acordo, desencadearia problemas extremamente graves. Nosso planeta, correria o risco de se tornar uma segunda Vênus, “com uma temperatura de 250ºC e chuva de ácido sulfúrico“.

“A mudança climática é um dos grandes perigos que enfrentamos, e é algo que podemos evitar se agirmos agora. Ao negar as evidências da mudança climática e retirar os EUA do Acordo Climático de Paris, Donald Trump causará danos ambientais evitáveis ao nosso belo planeta, colocando em risco o mundo natural, para nós e nossos filhos”, asseverou o físico, que já havia alertado sobre a ameaça das mudanças do clima no documentário “The 11th Hour” (“A Última Hora”, em português).

Reportando-se à “Inteligência Artificial”, Hawking enumera como fatores positivos: a reversão de danos causados ao meio ambiente, a erradicação da pobreza e de doenças, e até a transformação da sociedade como um todo para algo melhor. Acrescentou também como positiva a possibilidade que nossos pensamentos e ideias possam ser acessados mesmo após a morte.

Quanto aos impactos negativos disse que: “O sucesso em criar a inteligência artificial pode ser o maior evento na história de nossa civilização. Ou o pior. Nós só ainda não sabemos, aduziu. Ressaltou ainda: Nós não podemos saber se seremos ajudados ou destruídos por ela”. A jornalista esclarece que o físico não demonizava a Inteligência Artificial. Segundo ele, o risco real são as formas avançadas de IA, que poderiam igualar ou superar os humanos.

Um conflito nuclear de proporções mundiais, fazia parte dos temores do cientista.  Para ele, a agressão humana, combinada com os avanços tecnológicos em armamentos nucleares, é um combo que pode dar um ponto final na história da humanidade. Outro registro frisante feito por Hawking: As armas biológicas oferecem mais perigo do que as armas nucleares. Em 2001, Hawking disse ao jornal britânico Daily Telegraph que a raça humana corre o risco de ser exterminada por um vírus criado por ela mesma.  A jornalista Camila Mazzotto registra, neste ponto, que a observação de Hawking não se aplicaria ao Coronavírus, cuja principal hipótese até o momento é que tenha se originado em animais e “pulado” para os humanos.

Palavras do físico: “No longo prazo, fico mais preocupado com a biologia. Armas nucleares precisam de instalações grandes, mas engenharia genética pode ser feita em um pequeno laboratório. Você não consegue regulamentar cada laboratório do mundo. O perigo é que, seja por um acidente, seja algo planejado, criemos um vírus que possa nos destruir”.

*O jornalista Cesar Vanucci (cantonius1@yahoo.com.br) é colaborador do Blog Mundo Afora

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