Governo espanhol ataca Guardiola por integrar lista independentista catalã
O governo da Espanha reagiu à candidatura do ex-jogador e ex-técnico do Barcelona, Josep Guardiola, que concorrerá às eleições de 27 de setembro (27-S) na chapa que pretende declarar a independência da Catalunha. O escolhido como porta-voz foi o ministro do Interior, Jorge Fernandez Diaz, que acusou Guardiola de haver jogado e triunfado na seleção espanhola “só por dinheiro”.
Para Fernández Díaz, qualquer um pode dedicar-se à política, mas no caso de Guardiola, hoje treinador Bayern de Munique, parece “bastante triste e lamentável”, porque,ao seu ver, “entrar em política e ao mesmo tempo manter-se como treinador da equipe alemã é incongruente”.
“Vemos que cai a máscara e gente que jogou e se projetou com a seleção espanhola de futebol fazia isso seguramente apenas por interesse financeiro, porque existem pessoas que tem o dinheiro como deus”, espetou o ministro em entrevista a Cadeia de notícias Cope, da agência Europa Press.
O anúncio de que Guardiola comporá a chapa independentista pactada entre os partidos CDC e ERC, em conjunto com entidades da sociedade civil, foi feito na segunda-feira (20). Mesmo dia em que a chapa encabeçada por Raül Romeva, Carme Forcadell, Muriel Casals, Artur Mas e Oriol Junqueras, foi oficilizada publicamente em Barcelona.
Guardiola ocupará o posto 135 da lista, ou seja, o último, o que numericamente o impossibilita de conquistar uma vaga de deputado. Isso porque que mesmo que sua chapa seja vencedora, há outros candidatos concorrendo em outras listas. Além disso, já declarou que não pretende ser deputado, reputando seu gesto “simbólico” como apoio ao processo soberanista.
Contudo, é justamento o gesto de Guardiola que preocupa o governo espanhol. Como o técnico tem inserção midiática em todo o mundo, atrai com facilidade a atenção da mídia estrangeira para o processo independentista catalão, o que não acontece com os cabeças da lista que são praticamente desconhecidos fora da Catalunha. O que já aconteceu ontem depois do anúncio, quando jornais de todo o mundo repercutiram a decisão do técnico (ver link aqui).
O objetivo é que eleições parlamentares catalãs ganhem caráter plebiscitário, uma vez que a maioria dos partidos que concorrerão ao pleito pretendem colocar como prioridade nos programas de governo a convocatória de uma assembleia constituinte e o compromisso de declarar a república da Catalunha.